02/10/2025 - 19:10
A DePaul University informou ao corpo docente que reduzirá imediatamente os gastos após uma queda de 30% nas matrículas internacionais neste outono. A medida é a mais recente adotada pelas faculdades norte-americanas para lidar com o transtorno das políticas de educação e imigração do presidente Donald Trump.
A redução ainda não foi dimensionada, mas as medidas podem incluir o congelamento de contratações, cortes nos salários dos executivos e limites de gastos discricionários, escreveu o presidente da universidade, Robert Manuel, em um memorando para o corpo docente na terça-feira.
O número total de matrículas internacionais na universidade católica privada de Chicago diminuiu em 755 alunos em comparação com o ano passado, segundo Manuel. O número de alunos internacionais de pós-graduação no primeiro ano caiu em um ritmo ainda mais acentuado — em quase 62%. A DePaul matriculou cerca de 21.000 alunos no ano passado, dos quais aproximadamente 2.500 eram estrangeiros.
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Manuel atribuiu o declínio deste ano à dificuldade dos alunos na obtenção de vistos e ao fato de eles perderem o interesse em estudar nos EUA após as mudanças na política federal.
A DePaul está entre as dezenas de instituições de ensino que anunciaram cortes orçamentários em resposta às políticas do governo Trump, que incluem ameaças a bilhões de dólares de financiamento para programas de pesquisa acadêmica, muitos dos quais fortes atrativos para estudantes estrangeiros. O total de matrículas ainda não está disponível, mas os primeiros números coletados pela Reuters sugerem que muitos estudantes internacionais de pós-graduação do primeiro ano estão optando por estudar em outro lugar.
Os vistos de estudante também estão na mira de Trump. Alguns foram revogados, e aqueles que buscam novos vistos enfrentam atrasos. O Departamento de Estado dos EUA exigiu que os futuros alunos tornem públicas suas contas nas mídias sociais para que os funcionários do governo que examinam pedidos de visto possam excluir aqueles que tenham atitudes consideradas hostis em relação aos Estados Unidos.
Bloqueio à Harvard
Em maio, o governo impediu que a Universidade de Harvard matriculasse estudantes internacionais, alegando que a instituição falhou ao lidar com antissemitismo e assédio étnico no campus. Um tribunal distrital dos EUA bloqueou temporariamente a ação, mas o governo entrou com um recurso.
“Todos nós estamos preocupados com a segurança dos membros da nossa comunidade, com a proteção da liberdade acadêmica e com os novos desafios financeiros decorrentes das mudanças no financiamento federal e no processamento de vistos”, escreveu Manuel ao corpo docente da DePaul.
“Essas preocupações são tão graves e debilitantes que está ficando difícil reconhecer o ensino superior.”
Solicitados a comentar, os departamentos de Estado e de Segurança Interna dos EUA enviaram declarações observando o direito do governo de policiar ações dos alunos estrangeiros.
“Isso não é tão difícil”, disse Tricia McLaughlin, secretária assistente do Departamento de Segurança Interna.
“Se você está morando e estudando nos Estados Unidos com um visto, você é um convidado neste país. Aja como tal. Se você é um estudante estrangeiro que faz propaganda do Hamas, glorifica terroristas que gostam de matar americanos, assedia judeus, toma prédios ou outras ações antiamericanas que temos visto ultimamente nesses campi, pode reservar sua passagem de volta para casa. Pode esperar que seu visto será revogado.”
Pelo menos 35 outras universidades, além da DePaul, anunciaram cortes orçamentários em resposta às políticas do governo Trump.
A Universidade Johns Hopkins cortou mais de 2.000 empregos em março, após o governo reduzir em US$ 800 milhões os subsídios para seus programas de pesquisa.
A Northwestern University eliminou 425 cargos e a Universidade do Sul da Califórnia demitiu mais de 630 pessoas. Todas citaram como motivos a redução do financiamento federal, uma queda esperada nas matrículas de estudantes internacionais e outras pressões financeiras.