“Usiminas? Não sei de nada!” Essa foi a última frase dita ao celular à DINHEIRO por Mário Porto Fonseca, que vinha ocupando a superintendência da ArcelorMittal Inox Brasil – a maior produtora de aço inoxidável do País. 

Desde então, ele não atende a telefonemas, não aparece no escritório da empresa, em São Paulo, nem se expõe em público. O repentino sumiço do executivo se justifica. Logo depois do Carnaval, ele deve mudar de emprego. Seu novo endereço comercial será a Usiminas, a maior siderúrgica nacional. 

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Aço da polêmica: a Usiminas é líder do mercado, mas é a terceira em metal inoxidável

Especulava-se na semana passada que Fonseca assumiria a cadeira que hoje está ocupada pelo CEO Wilson Brumer, que foi  presidente do conselho de administração. A Usiminas nega a mudança de comando executivo. 

Na sexta-feira 25, a diretora de comunicação Maria Ligia Dutra confirmou à DINHEIRO a contratação do concorrente, mas para outra importante função. Fonseca irá comandar a Soluções Usiminas, subsidiária de produtos acabados e responsável pela distribuição, que teve um faturamento estimado de R$ 3,6 bilhões em 2010. 

Ao contratar Fonseca, a siderúrgica mineira também leva o conhecimento – e todas as estratégias da rival – em um setor que pretende dominar, mas no qual tem encontrado dificuldades para decolar: a produção de aço inoxidável. Nesse segmento, a Usiminas é a terceira maior, atrás da ArcelorMittal e da Gerdau.

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Wilson Brumer, presidente: empresa contrata executivo para a Soluções Usiminas

Além disso, a CSN, a quarta colocada do ranking e sócia minoritária da Usiminas, também está com planos de investir fortemente no segmento. “Para a ArcelorMittal é uma grande perda. 

Para a Usiminas, o pulo do gato”, afirmou um executivo do setor siderúrgico. A contratação de Fonseca teria sido exigida pela Nippon Steel, a maior acionista da companhia, com 26,7% da empresa.

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Ao mesmo tempo, uma eventual saída de Brumer da presidência executiva não seria uma surpresa para quem acompanha a Usiminas de perto. Presidente do conselho de administração,  Brumer foi a solução de emergência para estancar a crise aberta pela turbulenta demissão do  antigo CEO Marco Antônio Castello Branco, em abril de 2010.

Castello Branco foi defenestrado em função das resistências que encontrou entre os principais acionistas para executar  um ambicioso plano de reestruturação e     de corte de custos. A Usiminas fechou o ano passado com lucro de R$ 1,6 bilhão, um crescimento de 24% em relação a 2009.