A Cosipa, enfim, é da Usiminas. Por inteiro. Na semana passada, a siderúrgica mineira aumentou a temperatura do mercado de aço ao anunciar a incorporação completa da companhia paulista, colocando um ponto final em um processo iniciado em 1999. Naquele ano, a Usiminas adquiriu 32% do capital da Cosipa e foi, nas temporadas seguintes, aumentado gradualmente a participação, até chegar a 92,7%. Faltava resgatar as últimas ações da empresa no mercado e cancelar seu contrato como companhia aberta. Foi feito. Portanto, a partir de agora, a coligada, até então tratada de forma independente, passa a ser uma poderosa unidade de produção da Usiminas. De saída, a nova ?divisão? transforma oficialmente a companhia mineira no maior complexo siderúrgico da América Latina. Juntas, as duas empresas vão produzir 9,5 milhões de toneladas de aço por ano. Mais: após um longo período de reestruturação, a Cosipa conseguiu encerrar 2004 com lucro de R$ 964 milhões e faturamento de R$ 6,5 bilhões. Está tinindo, com boa performance nas indústrias automobilística, ferroviária, naval e de embalagens. Não poderia ter sido melhor o momento escolhido pela Usiminas para conquistar de vez a Cosipa.

?A união trará vantagens na aquisição de matéria-prima. Maior, a Usiminas aumenta seu poder de negociação?, avalia Luiz Binz, analista da Geração Futura Corretora. Segundo ele, a operação também deve resultar em investimentos no segmento de chapas grossas, usadas no setor naval. ?A Cosipa tem possibilidade de ser muito forte nesse campo?. Planos de expansão não faltam ao presidente da Usiminas. Rinaldo Soares diz que tem reservados US$ 800 milhões para investir em projetos de porte, num período de três a cinco anos. O primeiro deles é a instalação de uma termelétrica de 60 MW, ao custo de US$ 60 milhões. A intenção é elevar para 53% a capacidade de geração própria de energia da companhia. O segundo é a compra de um equipamento orçado entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões para produzir um novo tipo de aço, mais leve e mais resistente, ideal para a indústria automobilística. ?O objetivo é agregar valor aos produtos da Cosipa?, diz Rinaldo. Outro projeto é instalação de uma coqueria (usina que transforma carvão em coque, o combustível queimado em seus fornos), de US$ 200 milhões. O objetivo é assegurar a auto-suficiência do principal insumo do aço, que tem apresentado altas expressivas de preço no mercado internacional. Em agosto, o conselho da Usiminas deve ainda bater o martelo sobre a construção do quarto-alto forno. ?Se o PIB brasileiro continuar crescendo entre 3% e 4% ao ano, a demanda por aço poderá crescer o dobro. Temos de estar preparados?, diz o presidente.

Enquanto planeja a expansão, Rinaldo também dará continuidade ao processo de redução de custos. As sinergias entre Cosipa e Usiminas já produziram, nos últimos anos, uma economia de R$ 193 milhões para o grupo. Formalmente unidas, as empresas devem diminuir ainda mais suas despesas operacionais. ?Na prática, já havia uma boa ingerência da Usiminas na Cosipa?, diz o analista Binz, da Geração Futura. Com todas essas medidas, Rinaldo pretende manter a boa forma de sua companhia, que apresentou lucro recorde de R$ 3 bilhões em 2004. Na semana que vem, ele divulga o balanço do primeiro trimestre. O mercado garante que vem novo recorde para o período.