Estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) aponta que quase a metade (48%) dos casos de demência no Brasil podem ser atribuídos a 12 fatores de risco que podem ser modificáveis.

A pesquisa, publicada na revista Alzheimer’s & Dementia no dia 3 de novembro, envolveu 9.412 participantes do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil).

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Dentre as causas apontadas como fatores de risco para o desenvolvimento da doença foram apontadas as seguintes: menor escolaridade, hipertensão arterial sistêmica, perda auditiva, obesidade, traumatismo craniano, excesso de álcool, depressão, inatividade física, diabetes, poluição do ar, tabagismo e isolamento social.

Além disso, a pesquisa diz que regiões mais pobres seriam as mais beneficiadas com a redução desses fatores, já que são afetadas de maneira desproporcional por eles.

“É claro que é impossível eliminar totalmente esses fatores de risco, mas fica a mensagem de que as políticas públicas de prevenção de demência devem ter 12 alvos claros e, em situações de poucos recursos, o foco deve ir para aqueles de maior importância”, afirma Claudia Kimie Suemoto, professora da Disciplina de Geriatria da Faculdade de Medicina da USP e primeira autora do estudo, em nota.

Prevenção começa cedo

Outro aspecto importante que a pesquisa ressalta é que alguns dos principais fatores de risco, como a baixa escolaridade, precisam ser combatidos desde cedo para que ocorra uma redução mais significativa da doença no país.

Já outros fatores, embora costumem aparecer mais na meia idade, como hipertensão, perda auditiva e obesidade, também podem ter o seu peso diminuído caso exista uma maior conscientização em relação ao risco para a saúde mental que eles provocam, sobretudo no caso da demência, que é uma doença sem cura e que o sistema de saúde consegue apenas retardar os efeitos.

Comparativo por regiões e fatores com maior peso

Comparando as regiões do país, os 12 fatores de risco foram atribuídos a 49% dos casos de demência nas mais ricas (Sul e Sudeste) e a 54% dos casos nas mais pobres (Norte, Nordeste e Centro-Oeste).

No total, o tempo menor de escolaridade teve o maior impacto (7,7%), seguido de hipertensão (7,6%), perda auditiva (6,8%), obesidade (5,6%) e inatividade física (4,5%).