07/03/2017 - 15:00
A Plataforma argentina na feira de arte contemporânea ARCOmadrid que aconteceu de 22 a 26 de fevereiro, na capital espanhola, foi parte de uma estratégia de reativação das relações comerciais entre os dois países, depois de um longo período de deterioração vivido durante a os governos do casal Kirchner.
À visita do presidente argentino Mauricio Macri e sua participação no fórum “Investir na Argentina” (organizado pelo jornal El País e o Grupo Prisa), com ministros argentinos e empresários espanhóis, somou-se o destaque do país latino-americano no mundo da arte, ao ganhar homenagem na 36ª edição da tradicional feira espanhola.
O sistema de país homenageado, adotado hoje por poucas grandes feiras internacionais, é usado pela ARCO com muita eficiência para ambas as partes. De um lado, atrai novas galeras participantes – agregou dez novas adeptas às duas argentinas veteranas que já participavam do evento. De outro, revela à comunidade internacional as peculiaridades de cenas artísticas de mercados emergentes.
O panorama da arte argentina em Madri trouxe à tona 12 galerias de Buenos Aires. Enquanto a imprensa internacional buscava pistas para compor uma identidade nítida para a região, a artista Leticia Obeid declarava, em vídeo exibido no estande da galeria portenha La Isla Flotante: “No somos índios ni europeos, sino una mistura entre los auténticos proprietários de la tierra y sus usurpadores”.
Usurpadores de ontem, investidores de hoje. O mercado espanhol é estratégico para a Argentina, que volta ao mercado europeu graças à confiança depositada no governo Macri. Essa foi a ideia mais salientada no fórum “Investir na Argentina”.
“O mundo está buscando oportunidades de negócios. Para a Argentina, trata-se de uma oportunidade única de se incorporar a uma economia de mercado”, afirmou Francisco González, presidente do BBVA no encontro.
A ARCOmadrid 2017 fechou as portas de sua 36ª edição confirmando a recuperação do mercado espanhol – após quase dez anos de recessão – e ostentando boa visitação e vendas acima da média do período de crise. Os argentinos venderam, mas também consumiram.
Entre os portenhos que marcaram presença destaca-se Eduardo Costantini, empresário do mercado imobiliário e financeiro, fundador e presidente do Malba (Museo de Arte Latinamericano de Buenos Aires) e dono do “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, uma das obras mais importantes do modernismo brasileiro.
Entre uma dezena de aquisições importantes, Costantini incorporou à sua coleção particular uma obra do poeta concretista brasileiro Augusto de Campos (na Luciana Brito Galeria).