Um projeto do biotecnólogo alemão Hashem Al-Ghaili quer desenvolver uma maneira inusitada para que pais tenham seus bebês: de forma personalizada, as crianças viriam ao mundo em uma cápsula ou útero artificial.

O assunto ganhou visibilidade nas últimas semanas após usuários compartilharem o vídeo que ilustra como o processo seria. Alguns chegaram a acreditar que o vídeo era real.

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A instalação, inspirada em ficção científica, incluiria 75 laboratórios de última geração. Eles hospedariam até 400 cápsulas de crescimento que replicam as condições exatas encontradas no útero de uma mulher.

No projeto, a EctoLife (que não é uma empresa real), seria a responsável pelas instalações. Uma única cápsula pode incubar 30 mil bebês criados em laboratório por ano em um ambiente livre de infecções.

Apesar da ideia brilhante, e de Al-Ghaili falar em “imaginar o futuro”, não há tecnologia suficiente para isso agora. Nos hospitais, a tecnologia que existe para bebês de parto prematuro, de 24, 25 semanas, são as incubadoras que simulam a temperatura e condições de um útero, até que os recém-nascidos se desenvolvam.

Como funcionaria

Cada cápsula de crescimento seria equipada com sensores que monitoram sinais vitais como batimentos cardíacos, saturação de oxigenação, temperatura, respiração e pressão sanguínea. Enquanto isso, um sistema de inteligência artificial monitoraria as características físicas e detecta possíveis anormalidades genéticas.

Para que haja um crescimento saudável, os bebês seriam “mantidos” de forma constante e sustentável por dois biorreatores centrais. O primeiro bombearia nutrientes, hormônios vitais, anticorpos, fatores de crescimento, oxigênio e uma solução líquida amniótica através de um cordão umbilical artificial (assim como no útero).

Além disso, graças a um sistema controlado por inteligência artificial, cada bebê recebe nutrientes personalizados adaptados às suas necessidades.

Já o segundo biorreator seria responsável por receber os resíduos do bebê liberados pelo cordão umbilical artificial. Esses resíduos são então reciclados em recursos úteis para o corpo da criança.

Como o parto natural está fora de cogitação neste caso, cada bebê seria concebido por meio de fertilização in vitro (FIV), permitindo que os pais criem e selecionem livremente o embrião mais viável e geneticamente superior, dando ao [seu] bebê a chance de se desenvolver sem quaisquer obstáculos biológicos (doenças).

A personalização seria oferecida como um Pacote Elite que daria aos pais a liberdade de alterar mais de 300 genes antes de implantar o embrião no útero artificial. Desde a seleção da cor do cabelo e dos olhos até a altura, nível de inteligência e tom de pele, esse recurso de escolha e escolha é realizado graças à ferramenta de edição de genes CRISPR-Cas 9.

Disponibilidade
Em entrevista ao jornal Metro do Reino Unido, o biotecnólogo disse que espera que as instalações de útero artificial podem se tornar realidade em dez anos ou mais se as restrições éticas forem removidas.

“Cada recurso mencionado no conceito é 100% baseado em ciência e já foi alcançado por cientistas e engenheiros”, revelou Al-Ghaili. Atualmente, a pesquisa em embriões humanos não é permitida além de 14 dias. Após o período, os embriões devem ser destruídos por questões éticas.

Mas o cientista acredita que isso será derrubado em dez ou 15 anos. A ideia inovadora, por ora, ficará no desejo do alemão e na imaginação de algumas pessoas.