29/01/2021 - 20:27
A vacina de dose única contra a covid-19 da Johnson & Johnson tem uma eficácia geral de 66%, informou a empresa nesta sexta-feira (29) após um enorme teste em vários continentes, mas o imunizante não protege tão bem contra a variante descoberta na África do Sul.
Por outro lado, a vacina foi capaz de prevenir 85% dos casos graves de covid-19 em todas as regiões geográficas, um indicador importante elogiado por especialistas.
Sua eficácia contra todas as formas da doença – leve, moderada e grave – chegou a 72% nos Estados Unidos, mas caiu para 57% na África do Sul, onde predomina uma nova variante mais transmissível. Na América Latina, foi 66% eficaz.
“Estamos orgulhosos de ter alcançado este marco crítico e nosso compromisso em lidar com esta crise global de saúde continua com urgência para todos, em todos os lugares”, afirmou o CEO da empresa, Alex Gorsky.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, o presidente Joe Biden ficou “animado” com os dados e a agência reguladora de medicamentos FDA fará sua própria avaliação.
A J&J disse que solicitará uma autorização de emergência nos Estados Unidos no início de fevereiro e que a vacina provavelmente se tornará a terceira disponível no país, o mais afetado do mundo pela pandemia.
Embora não seja tão protetora quanto as vacinas da Pfizer e da Moderna (95%), a comparação não é tão justa, já que os testes das duas foram realizados antes da disseminação das novas mutações.
Essas variantes, como a B.1.135 na África do Sul e a P.1 no Brasil, escapam de parte da ação bloqueadora de anticorpos desencadeada por vacinas feitas contra a cepa comum do vírus.
Porém, a vacina da J&J requer apenas uma dose e pode ser armazenada por até três meses a temperaturas de 2 a 8 graus Celsius, o que lhe dá uma vantagem logística sobre os imunizantes da Pfizer e da Moderna.
“O real resultado de destaque é que uma vacina de dose única, que pode ser facilmente armazenada e administrada a longo prazo, oferece proteção completa contra a hospitalização e a morte”, disse Amesh Adalja, especialista do Centro Johns Hopkins para Segurança de Saúde.
A Johnson & Johnson afirma que, se autorizada, está a caminho de entregar 100 milhões de doses aos Estados Unidos até o final de junho.
– Vacina de vetor viral –
A vacina da J&J usa uma versão geneticamente modificada de um adenovírus causador do resfriado comum como um “vetor” para transportar instruções genéticas para as células humanas, dizendo-lhes para criar uma proteína do coronavírus.
Isso, por sua vez, evoca uma resposta imunológica. É a mesma tecnologia usada na vacina contra o ebola aprovada pela Comissão Europeia.
A desvantagem de vacinas de vetor é que o corpo humano pode desenvolver uma resposta imunológica ao vetor, atacando-o e reduzindo sua eficácia, principalmente das vacinas de reforço. Esse foi um ponto fraco da AstraZeneca.
O estudo de Fase 3 da Johnson & Johnson foi conduzido em oito países, envolvendo 43.783 pessoas, 34% das quais tinham mais de 60 anos.
As diferenças em sua eficácia entre os EUA, a América Latina e a África do Sul enfatizam ainda mais a crescente ameaça representada por novas variantes.