A oferta de vagas de emprego para pessoas com deficiência está diminuindo. Uma pesquisa feita pelo site de recrutamento Empregos.com.br, ao comparar o período pré-pandemia ao de agora, mostrou que há uma queda de quase 38% no interesse das empresas por PCDs.

A base de dados do portal de vagas aponta que no primeiro semestre de 2019, estavam sendo oferecidas 16 mil vagas, enquanto no mesmo período de 2022 o volume é de 10 mil oportunidades.

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Há mais de 30 anos a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência garante que empresas de 100 até 200 empregados tenha 2% do quadro formado por pessoas com deficiência. Para companhias de 201 a 500 funcionários esse percentual é de 3%; 501 a 1 mil, 4%; mais de 1.001, 5%. Além disso, a multa para o descumprimento da lei pode chegar a mais de R$ 200 mil.

“Para incluir esses profissionais nas empresas, precisa haver uma mudança na cultura organizacional. Não basta abrir a vaga, mas sim oferecer um ambiente e condições de trabalho inclusivas, que assegurem o bem-estar do colaborador com deficiência. Sobretudo no home office, que possui suas limitações”, avalia Leonardo Casartelli, diretor-geral do Empregos.com.br.

Entre 2020 e 2021, quando o isolamento social e o fechamento de estabelecimentos foram necessários para conter a transmissão de Covid-19, o número de vagas de emprego naturalmente diminuiu. Mas, mesmo em 2022, quando muitas empresas reabriram os escritórios e voltaram a contratar, os números seguem abaixo do que já foram.

“Vagas presenciais também podem ser uma dificuldade encontrada por esse trabalhador, uma vez que cargos para atuação remota ou híbrida atendem melhor às suas necessidades”, complementa Casartelli.

Retração nas buscas

A base de dados da plataforma também aponta para uma diminuição no número de pessoas com deficiência cadastradas. No primeiro semestre de 2018, por exemplo, eram 13,2 mil profissionais em busca de uma oportunidade. Em 2019, o número caiu para 11,3 mil e em 2022 está em 9 mil.

“Existe uma baixa divulgação das oportunidades para pessoas com deficiência. Elas estão centralizadas em poucos canais e muitas vezes o profissional não consegue acessá-las”, ressalta o diretor-geral da Empregos.com.br.

Cenário insuficiente

Em nota técnica sobre a inclusão no mercado de trabalho e a pessoa com deficiência, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) informou que a Rais/ME de 2020 mostrou que os vínculos formais de pessoas com deficiência representavam 1,1% do total (46,3 milhões), ou seja, valor superior a 495 mil. Destes, as pessoas com deficiências físicas eram quase metade do total (44,5%).

O Dieese ainda observa que a diferença entre vagas potenciais e ocupadas nos últimos dois anos provavelmente cresceu, já que houve uma piora do mercado de trabalho formal para as pessoas com deficiência.

“No período de janeiro de 2021 a abril de 2022, reduziu-se em 6,58 mil o número de trabalhadores com deficiência no mercado de trabalho formal, tendo sido verificado movimento contrário no mercado de trabalho geral: criação de 3,67 milhões de vínculos formais”, aponta o departamento em nota.

Na avaliação feita pela entidade, “se a abertura da economia tem sido em ritmo discreto, para os trabalhadores com deficiência ela tem sido insuficiente para reverter a tendência de deterioração que se apresenta desde 2020”.