O feriadão de Carnaval já está batendo na porta e foliões se preparam para ir aos blocos em vários estados do país. Um dos costumes é acompanhar a folia com a tradicional cerveja, para saciar a sede e se refrescar do calor. Mas os efeitos do álcool cobram seu preço no dia seguinte e, às vezes, num futuro distante. Assim, vale tomar alguns cuidados. 

Não por acaso, este sábado (18), marca o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo. Para a gastroenterologista e hepatologista Patrícia Borges, a data serve de alerta sobre o consumo consciente de bebida alcoólica, mesmo diante dos festejos.

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A médica adverte que o consumo exagerado de álcool pode resultar em inúmeras consequências para o próprio organismo, que vão além da conhecida ressaca. “Entre as principais estão alterações do trato gastrointestinal, como as gastrites, as úlceras pépticas e a diarreia; alterações psíquicas e neurológicas, como as síndromes demenciais; e, a longo prazo, sérios danos no fígado e no pâncreas, como a cirrose, o tumor maligno de fígado, como o hepatocarcinoma, e a pancreatite crônica”, explica Patrícia.

Já a curto prazo, o consumo exacerbado de álcool também pode acarretar em uma hepatite aguda, muitas vezes com necessidade de uso de medicações e até internação hospitalar. 

“Nesses casos, muitos se recuperam com a retirada completa do álcool e os cuidados especializados. Entretanto, em casos mais graves, se o paciente já tiver uma doença crônica do fígado, esta exacerbação poderia levar até a uma insuficiência hepática com necessidade de transplante hepático. E, infelizmente, a doença hepática alcoólica, sem o cumprimento de um tempo mínimo de abstinência, não permitiria a inclusão em lista de transplante de fígado”, alerta a médica. 

Sem exageros 

Para quem deseja aproveitar o Carnaval com equilíbrio, o primeiro passo, óbvio, é evitar o consumo exagerado de álcool. A especialista enumera as táticas:

  • “Se for beber, aumentar a ingestão de líquidos naturais, especialmente a água, para ajudar no metabolismo do álcool, assim como na melhoria da circulação dos diversos órgãos evitando, assim, a temida ressaca”, recomenda Patrícia.
  • Investir em uma alimentação saudável, rica em frutas e vegetais, e evitar alimentos gordurosos e excesso de doces também é importante.

    Ressaca

Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, a ressaca é definida como a combinação de sintomas físicos e mentais experimentada no dia seguinte a um único episódio de consumo excessivo, começando quando a concentração de álcool no sangue (CAS) se aproxima de zero. Ou seja, quando você acha que vai ficar tudo bem, aí é que começam os sintomas.

O efeito gerado pela ressaca inicia-se cerca de 6 a 8 horas após o consumo, em média, e pode durar até 24 horas. Entre os sintomas mais conhecidos, estão:

  • Físicos: dor de cabeça, náuseas, boca seca, tontura, desconforto gastrintestinal, cansaço, tremores, falta de apetite, sudorese e sonolência.
  • Mentais: problemas de concentração, ansiedade e irritabilidade.

Para os que não conseguirem fugir dos excessos, a recomendação é dormir bem, no mínimo 8h por noite, para que o organismo possa descansar após os momentos festivos.  

Existe quantidade segura de álcool?

Apesar de diversos estudos indicarem uma quantidade aceitável de álcool a ser consumida, conforme o tipo de bebida alcoólica e o sexo, doutora Patrícia reitera que esta quantificação se torna difícil de ser aplicada, especialmente em pacientes já alcoolistas, para os quais esta quantidade limite já seria considerada um excesso.