O dólar turismo chegou a ser negociado a R$ 5,82 em cartões pré-pagos de casas de câmbio na quinta-feira, 13. Esse tipo de cartão funciona com uma carga de valor em moeda estrangeira para gastos no exterior.

A IstoÉ conversou com especialistas para orientações sobre o que é possível  fazer para reduzir os custos com o câmbio no curto prazo.

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Pedro Afonso Gomes, Presidente de Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP), diz que, para quem vai viajar nos próximos 60 dias, não tem como esperar uma queda significativa da cotação.

“Tanto o cenário externo como interno pressionam o dólar”, afirma Gomes, em referência a alta dos juros nos EUA e a questão fiscal do Brasil. Ainda assim, ele considera provável que a moeda perca o fôlego no segundo semestre, quando há a expectativa de que os EUA façam mais um corte nos juros, mas ainda assim, deve se manter em um patamar mais elevado.

Portanto, quem não pode adiar a viagem vai ter que arcar com um câmbio mais valorizado. Uma forma para reduzir os custos no entanto seria fugir do dólar turismo abrindo uma conta internacional.

“É o meio mais vantajoso no que se refere a custos, porque o cliente contrata o câmbio na taxa do dólar comercial, que é mais baixa que a taxa do dólar turismo”, afirma Douglas Ferreira, diretor da mesa de cambio da Planner Investimentos.

As contas internacionais estão disponíveis em fintechs especializadas brasileiras, como a Nomad e a Wise, ou em bancos digitais como C6 Bank, Avenue e Banco Inter.

Analista financeiro CFA ligado à XP Investimentos, Felipe Passero também apoia a solução das contas digitais, e destaca que nelas o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é menor do que no cartão de crédito ou no cartão pré-pago.

“O papel moeda não tem incidência de IOF, porém o preço que as casas de câmbio praticam é muito superior ao preço do dólar comercial”, afirma Passero. “Só é indicado se o país de destino é pouco bancarizado.”

Já o economista e planejador financeiro Fabio Louzada orienta que o turista brasileiro considere múltiplas formas de pagamento, como dinheiro em espécie para uma emergência e um cartão de crédito. “Assim, pode avaliar a cada compra qual pode ser mais econômico.”

Por que dólar está em alta

Douglas Ferreira, da Planner, explica que são fatores internos e externos, e, na sua avaliação, o cenário externo está pesando mais no momento, mais especificamente a taxa de juros nos Estados Unidos., “O banco central americano tem sido bem resistente sobre a redução da taxa de juros lá e, de certa forma, isso torna nosso mercado, um mercado emergente, menos atrativo para investimentos”, diz.

Assim, a moeda norte-americana começa a sair do Brasil e migrar para países como EUA e do bloco europeu, e acaba pressionando bastante a cotação aqui no Brasil, já que o país tem menos moeda.

De janeiro a maio, o fluxo de moeda estrangeira que saiu da bolsa foi de R$ 35,1 bilhões.

Já no cenário interno, os conflitos entre o Poder Executivo e o Legislativo tem resultado em várias derrotas consideráveis em seus projetos para o governo – como crédito Pis/Cofins pra fechar as contas – e o governo está sendo muito pressionado pra reduzir gastos.

Além disso, com a dívida pública ainda muito alta, mais de 70% do PIB,  ajuda a minar a confiança do investidor. “Ele pensa muito antes de colocar recursos no país”, diz Douglas.

Para o especialista, a curto prazo, neste segundo semestre, devemos conviver com uma taxa de dólar mais alta, “talvez no patamar dos R$ 5,30”. “É difícil cravar, já que o mercado repercute outros fatos que são imprevisíveis. Então temos que interpretar o cenário e as chances dele permanecer”.