06/07/2022 - 17:08
Rhayna Oliveira de Mello, de 23 anos, foi morta pela irmã Rhaillayne Oliveira de Mello, 30, que atuava como soldado do 7° Batalhão da Polícia Militar (São Gonçalo). O crime ocorreu durante uma discussão em um posto de gasolina, em São Gonçalo (RJ). A agente passou por audiência de custódia no domingo (3) e teve a sua prisão preventiva decretada. As informações são do Uol.
Na segunda-feira (4), Rhayna foi enterrada. Após isso, amigos e parentes publicaram nas redes sociais mensagens em homenagem à Naná, como a jovem era carinhosamente chamada.
A outra irmã de Rhayna, de 24 anos, que está grávida, escreveu no Twitter: “Minha família está destruída”. “Eu vejo as coisas que as pessoas comentam das minhas irmãs que não são verdadeiras e meu coração acelera, parece que vou morrer”, completou.
Mãe dedicada
Rhayna era mãe de um menino, de quatro anos, e fixou em uma rede social uma foto com ele.
A jovem fazia questão de manter o menino com cabelo bem cortado e frequentemente comprava roupas para ele.
No ano passado, Rhayna comemorou quando o filho foi convidado para integrar uma agência de modelos mirins.
O pai do garoto, que não tinha mais um relacionamento com Rhayna, fez aniversário na terça-feira (5). “Sem clima nenhum para aniversário. Só agradecer a Deus por me conceder mais um ano de vida e proteção para mim e principalmente para o meu filho, que vai precisar muito”, escreveu em uma rede social.
“Ele [o filho] está na rua brincando e eu aqui, acabado. Ele entra e tenho que fingir que nada está acontecendo, estou escondendo tudo para ele não perceber”, acrescentou em outra publicação.
Vaidosa
Além do filho, Rhayna gostava de cuidar da própria aparência e realizava publicações sobre cuidados com a pele, como colocar cílios postiços e fazer as unhas.
Quando postava fotos suas, a jovem escrevia: “Linda”, “estou muito linda”, “sempre uma princesa” e “autoestima lá em cima hoje”.
Nas redes sociais, Rhayna também demonstrava ser mais próxima da irmã grávida. Inclusive, as duas fizeram uma tatuagem juntas: a jovem fez uma lua no braço esquerdo e a irmã, um sol no braço direito.
Relembre o caso
Segundo os depoimentos prestados pela soldado e pelo seu marido, Leonardo de Paiva Barbosa, que também é policial militar, Rhaillayne saiu na noite de sexta-feira 1° para uma festa de família na casa de uma tia. No imóvel, estava a mãe da agente, Rhayna e uma outra irmã que está grávida.
Em um determinado momento, a policial militar, a mãe e a irmã grávida resolveram ir embora da festa e chamaram um carro por aplicativo. Dentro do automóvel, a soldado começou a agir de uma maneira desagradável com o motorista por considerá-lo “suspeito”. Por esse motivo, a mãe e a irmã advertiram Rhaillayne.
Então, ainda segundo os depoimentos, a policial começou a agredir a própria mãe e a irmã grávida, que ficou com marcas de arranhões pelo corpo. Rhayna, que estava em um bar acompanhada de um amigo, recebeu mensagens e fotografias da outra irmã relatando as agressões sofridas.
Após o desentendimento com a mãe e a irmã, Rhaillayne foi até a sua casa e pegou uma arma. O marido, que estava dormindo, não conseguiu identificar, a princípio, do que se tratava.
Depois, Rhaillayne sentou sozinha no bar Nando’s e consumiu bebidas alcoólicas. A mãe da policial ligou para o genro e relatou o que havia ocorrido dentro do carro de aplicativo. Ela também frisou que a filha aparentava estar muito nervosa. Após esse relato, Leonardo procurou pela arma da esposa e não a encontrou. Às 4h, a irmã grávida da soldado também ligou para o cunhado e disse que estava preocupada.
Imediatamente, Leonardo ligou para o pai da esposa e pediu para que ele fosse averiguar o que estava acontecendo. Mas o homem disse que preferia não ir ao encontro da filha, porque “sua presença poderia piorar a situação”.
Por volta das 4h45, Rhayna entrou em contato com Leonardo e informou a localização da irmã. Quando chegou ao Nando’s, ele encontrou a esposa sozinha e ela aparentava estar calma, segundo o seu depoimento. Leonardo pediu para que ela voltasse para a casa, mas a policial se recusou.
Diante disso, ele foi para a residência da sogra e ficou lá por cerca de uma hora. Depois, foi embora. Às 6h, Rhayna informou ao cunhado que estava em um local próximo ao bar Nando’s, mas manteria distância para evitar confusão com a irmã.
Conforme o depoimento do amigo de Rhayna, a policial militar mandou mensagem para a irmã e pediu que ela fosse até o bar Nando’s para encontrá-la. No estabelecimento, as duas conversaram, beberam e dançaram juntas.
Ainda no bar, Rhaillayne teria tentado intimidar o amigo da irmã ao dizer que “era policial”. Quando o estabelecimento fechou, a soldado quis retornar para usar o banheiro, mas foi impedida pelo dono. Nesse momento, ela efetuou disparos para o alto.
Quando Leonardo chegou ao local, segundo o seu depoimento, encontrou a esposa “com claros sinais de embriaguez, e continuava a fazer uso de bebida alcoólica”. Nesse momento, Rhaillayne começou a discutir com Rhayna e as duas entraram em confronto físico. Ele e o amigo de Rhayna conseguiram apartar a situação.
Depois, a policial sacou a sua arma e começou a efetuar disparos. O marido pediu para que ela parasse, mas não se aproximou com receio de ser atingido.
Quando Rhaillayne interrompeu os tiros, a sua irmã se aproximou e as duas recomeçaram a briga. Foi então que a policial atirou contra o peito de Rhayna. Leonardo informou que a jovem caiu no chão aparentemente sem vida e, por isso, deu voz de prisão à esposa. Na sequência, a conduziu para a 73ª Delegacia de Polícia (Neves).
Laudo do perito
Em depoimento à polícia, Rhaillayne admitiu que atirou contra a própria irmã. Após o crime, a policial relatou que “bateu com as algemas na própria testa” repetidas vezes. Ela também arrancou uma das unhas.
O perito Celso Eduardo Jandre Boechat atestou que Rhaillayne apresentou “comportamento sugerindo psicose ou estado pós-traumático” e “apática com os fatos relatados”. Ele também confirmou as lesões no corpo da policial.
No laudo de corpo de delito, o perito enumerou os machucados sofridos por Rhaillayne: “Tumefação frontal, equimose e tumefação em terço distal do antebraço esquerdo, face antero-medial, ausência da unha do 5º dedo da mão esquerda”.