Muito já se falou do cartão de crédito com chip. No ano passado, a tecnologia surgiu como a solução para combater a avalanche de fraudes e trazer comodidades futurísticas para os clientes. Com ele, as empresas propagam que é possível reunir no mesmo plástico o serviço de crédito, de débito, porta-moedas e programas de fidelidade. Apesar de todo o alvoroço, passado mais de um ano do lançamento do produto, poucos clientes tiveram a chance de ter um cartão eletrônico na carteira. O sistema ficou restrito aos projetos pilotos. Agora, mais uma vez, as empresas começam a anunciar investimentos pesados para ampliar a base dos novos cartões. Cada uma das duas maiores operadoras de cartões do Brasil ? Visa e Mastercard ? tem como meta fechar o ano com 2 milhões dos novos cartões em circulação, o que representa crescimento de cerca de 20%.

Apesar do grande apelo das operadoras, ainda vale a pena analisar os prós e contras antes de correr para trocar a tarja magnética pelo cartão do futuro. A maioria dos estabelecimentos comerciais ainda não está preparada para receber o chip. Quem se apressou para aposentar o vídeocassete e comprou um aparelho de DVD sabe bem o que é isso. No começo, era quase impossível encontrar os filmes para DVD no Brasil. Não havia demanda suficiente para que as locadoras apostassem no novo produto e a própria falta de filmes de DVD inibia o aumento do consumo do aparelho.

Na bandeira Mastercard, apenas 60 mil terminais foram adaptados para receber o chip, do total de 550 mil estabelecimentos credenciados. O sistema utilizado pela Visa já pode ser usado em larga escala no Brasil, mas também tem restrições. O cartão com chip da Visa não funciona no Exterior. Nas viagens, o cliente terá que retomar a velha tarja magnética.

Até mesmo a segurança deixou de ser o principal argumento para a troca do cartão. Isso porque as empresas já estão conseguindo reduzir as fraudes no sistema convencional. A Mastercard, por exemplo, registrou queda de 49,7% nas fraudes na América Latina e Caribe nos quatro primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2000. O Brasil apresentou desempenho ainda melhor. A queda foi de 75%.

No entanto, com o chip é muito mais simples e barato para as empresas combaterem o principal tipo de fraude, que é a clonagem. Além de ser mais difícil copiar as informações do software, ele funciona com senha. ?O chip é mais seguro, mas a principal vantagem é a comodidade de ter vários serviços em um único plástico?, afirma o presidente da Mastercard, Desmond Rowan.

Quando o item é comodidade, o chip, sem dúvida, mostra para o que veio. Com o novo cartão será possível comprar refrigerante nas máquinas automáticas, acompanhar os pontos dos programas de fidelidade pelo computador e até mesmo pagar multas de trânsito. Mas essas vantagens ainda ficam guardadas para o futuro. Por enquanto, na hora de fazer a troca, deve-se optar pelo cartão que funciona nos dois sistemas operacionais.