RIO DE JANEIRO (Reuters) – A demanda por minério de ferro está aquecida na China e em outros países, incluindo nas nações do Sudeste Asiático, o que deve resultar em um mercado em equilíbrio em 2025, disse o presidente-executivo da Vale, Gustavo Pimenta, em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira.

“China segue sendo nosso principal mercado,” disse Pimenta, apontando que o mercado de manufatura e infraestrutura avançaram substancialmente no país.

“Vemos 2025 nesta mesma trajetória, a China tendo uma demanda importante em relação ao minério de ferro e outros mercados acelerando, o mundo segue em crescimento”.

“Vemos a Índia com um crescimento importante, tem um reflexo no mercado… Vemos outros mercados crescendo de uma forma um pouco mais acelerada ano contra ano, o que faz com que a gente veja um mercado em equilíbrio em 2025”, acrescentou, citando também o Sudeste Asiático.

O minério de ferro negociado na bolsa chinesa de Dalian atingiu o maior valor desde outubro, nesta quinta-feira, à medida que os dados fortes sobre consumo de aço da China impulsionaram o sentimento altista.

Pimenta disse ainda, após o lançamento do programa Novo Carajás neste mês, que a companhia está criando uma diretoria para cuidar de sua principal região produtora de minério de ferro.

A expansão das operações em Carajás, fruto de investimentos de R$70 bilhões que serão realizados nos próximos cinco anos, permitirá que a produção de minério de ferro da área chegue a um ritmo de 200 milhões de toneladas ao ano em 2030, informou a empresa anteriormente.

A Vale considera que Carajás, que também tem reservas “únicas” de cobre, posicionando o Brasil como um player chave em minerais críticos e um líder em descarbonização.

“O Brasil tem potencial de ser um grande ofertante de minerais críticos”, disse Pimenta.

A Vale citou em apresentação nesta quinta-feira que Carajás tem reservas de 5,2 bilhões de toneladas de minério com alto teor de ferro e 1,2 bilhão de toneladas de cobre.

GUERRA TARIFÁRIA

A Vale avalia como limitados os impactos de eventual guerra tarifária, se os Estados Unidos impuserem alguma tarifa ao minério de ferro, já que praticamente não vende o produto para os norte-americanos, disse o executivo.

Ele ainda minimizou a possibilidade de qualquer tarifa para o níquel, comentando que os EUA são grandes importadores do metal.

O CEO afirmou ainda que a Vale poderia sim ser afetada no caso de uma eventual guerra tarifária levar a arrefecimento de crescimento global. “Mas não estamos lá ainda.”

Ao comentar redução de investimentos, o executivo destacou que a Vale observou sobreoferta de níquel na operação da Indonésia e por isso decidiu realizar otimização para melhorar a rentabilidade da unidade.

“Onça Puma continua sendo um ativo estratégico para a gente… Então o trabalho que estamos fazendo com o time de ‘base metals’ é olhar a base de ativos e avaliar formas de otimizar esta base de ativos para trazer este negócio para um nível de rentabilidade melhor do que ele está hoje”, completou.

A Vale informou na quarta-feira que a projeção de capex da mineradora em 2025 foi atualizada para US$5,9 bilhões, redução ante a meta prévia de US$600 milhões, segundo fato relevante.

A projeção de investimento no segmento de metais para transição energética teve um corte para US$2 bilhões em 2025, versus até US$3 bilhões, enquanto em soluções de minério de ferro foi revisada para US$3,9 bilhões, ante até US$4 bilhões.

O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Marcelo Bacci, explicou que a redução da previsão de investimento em 2025 ocorreu por conta das otimizações de operações, e que o movimento “não significa que a Vale vai investir menos em escopo”.

(Por Fábio Teixeira; texto de Roberto Samora)

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