22/06/2004 - 7:00
A brasileira Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) está a um passo de encostar na segunda maior mineradora do planeta, a Rio Tinto. A ascensão depende apenas do desfecho favorável da negociação de compra da canadense Noranda Inc., quarta do ranking com receitas de US$ 4,7 bilhões. O preço é estimado em cerca de US$ 3 bilhões. A empresa é bem posicionada no segmento de cobre e alumínio. A direção da Vale não confirma nem desmente a transação, alegando que tem por prática não comentar boatos. Quem acompanha de perto o setor lembra, no entanto, que a aquisição seria positiva para a CVRD. ?Quem quer participar do jogo da globalização precisa ter uma presença forte em mercados-chaves?, avalia Cristina Müller, analista e diretora da RCW Asset Management. Desde a privatização a Vale já adicionou mineradoras brasileiras (Samarco, Ferteco e Caemi) ao seu portfólio, além de produtoras de ferro-liga, na Noruega, e de pelotas (em Bahrein). Juntas, a Noranda e a Vale, que já é a maior produtora de minério de ferro do planeta, teriam uma receita anual estimada em US$ 10,2 bilhões.
Apesar disso, os investidores reagiram mal à notícia. Os papéis da Vale tiveram forte queda na Bolsa de Valores de São Paulo na terça-feira e na quarta-feira, acumulando desvalorização de 7,15%. É que muitos temem que a empresa seja contaminada pelo elevado endividamento da canadense: US$ 4,7 bilhões. Se por um lado a Vale assedia concorrentes, por outro ela também está na mira das multinacionais. A sul-coreana Posco, segunda maior siderúrgica do mundo, quer a brasileira como parceira em uma usina no Maranhão. A CVRD já é sócia de grupos importantes no setor: Usiminas, CST (ambas no Brasil), Califórnia Steel (EUA) e Siderar (Argentina). A Posco produz 30,6 milhões de toneladas de aço e pretende elevar esse patamar em 10 milhões. O processo de internacionalização começou pela China, onde possui 14 unidades, quatro das quais em construção. O Brasil aparece como uma região estratégica para os coreanos devido ao baixo custo de produção e à abundância de matéria-prima, principalmente para quem tiver a Vale como parceira.