05/06/2022 - 20:41
Manuel Valls anunciou neste domingo sua eliminação no primeiro turno das eleições legislativas francesas, o que representa um novo fracasso na trajetória singular do ex-primeiro-ministro francês, que disputou em 2019 a prefeitura de Barcelona.
“Aceito os resultados. Embora a dissidência e a divisão tenham semeado confusão, não posso ignorar o meu resultado e o fato de que a minha candidatura não convenceu”, reconheceu no Twitter Valls, candidato pelo partido do presidente francês, Emmanuel Macron, na circunscrição dos franceses que vivem em Espanha, Portugal, Andorra e Mônaco.
Com a derrota de hoje, Valls, que foi chefe de governo na França entre 2014 e 2016, soma um novo fracasso em sua carreira, três anos depois de sua candidatura nas eleições municipais de Barcelona.
“A vida é bela o suficiente para saber virar a página com tranquilidade”, acrescentou Valls na rede social, onde sua conta foi apagada na noite deste domingo.
Apesar de ter recebido apoio do partido de Macron, Valls ficou em terceiro, atrás do deputado dissidente macronista Stéphane Vojetta e de Renaud Le Berre, candidato da coalizão unitária da esquerda, segundo os resultados anunciados pelos diferentes candidatos, ainda não oficiais. O ex-premier, que militou por quase 40 anos no Partido Socialista, pediu o voto em Vojetta no segundo turno.
– ‘Decisão equivocada’ –
Depois de passar pela política espanhola entre 2019 e 2021, o anúncio da candidatura de Valls gerou polêmica, principalmente entre os franceses residentes na Espanha. Vojetta, deputado na última legislatura pelo partido de Macron, desafiou os líderes de sua formação e manteve sua candidatura, diante da interferência da candidatura de Valls.
Em declarações à AFP, Vojetta defendeu que a candidatura de Valls foi “uma decisão equivocada”, devido “à sua rejeição na Espanha, em particular”.
Nascido em Barcelona em agosto de 1962, Valls foi criado em Paris por um pai catalão – o pintor Xavier Valls – e uma mãe ítalo-suíça. Ele recebeu a nacionalidade francesa aos 20 anos.
Em 2018, o então deputado, que não participou da posse do partido de Macron em 2017, ao qual foi posteriormente associado, deixou sua cadeira para disputar a prefeitura de Barcelona (nordeste da Espanha), onde nasceu há 59 anos.
Embora o ex-ministro do Interior e ex-chefe de governo do presidente socialista François Hollande (2012-2017) tenha dito que ficaria em Barcelona mesmo que perdesse, acabou deixando seu cargo de vereador em 2021 e retornou à França.
Atuando como comentarista de televisão, ele foi visto em 24 de abril aos pés da Torre Eiffel durante a celebração da vitória do presidente Macron nas eleições presidenciais.
O novo fracasso de Valls foi comemorado pela esquerda. “É o que chamamos de uma boa noite de domingo para começar a última semana de campanha na França!”, tuitou Manon Aubry, eurodeputada do França Insubmissa, partido do esquerdista Jean-Luc Mélenchon.
As eleições legislativas nas circunscrições em território francês serão realizadas nos próximos dias 12 (primeiro turno) e 19 (segundo turno).