14/07/2021 - 15:55
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – A alta recente do dólar ante mínimas em um ano abaixo de 5 reais atingidas no mês passado é apenas um “desvio temporário” e não compromete uma tendência mais ampla de desvalorização, disse à Reuters o estrategista de juros e moedas para a América Latina do BNP Paribas André Digiacomo.
Em 24 de junho deste ano, a moeda norte-americana fechou o pregão cotada a 4,9062 reais, seu menor patamar em pouco mais de um ano. No entanto, o dólar não encerra uma sessão abaixo da marca psicológica de 5 reais desde o dia 29 do mês passado, e terminou a última semana acima dos 5,25 reais, alta de mais de 7% em relação à minima do dia 24.
“Voltamos a ver números consistentemente mais altos do dólar nas últimas semanas em meio a medidas de inflação cada vez mais elevadas nos Estados Unidos e a problemas idiossincráticos no Brasil, com momentos de turbulência política”, explicou Digiacomo. “Isso afastou o investidor estrangeiro e gerou muita volatilidade para nossa moeda.”
Ainda assim, disse ele, esse não é, necessariamente, o início de uma tendência persistente de alta. “Acreditamos que esse foi só um desvio temporário, com mais volatilidade e distúrbios políticos, e agora estamos voltando ao caminho natural das coisas, que é a gente ver um real mais forte”, afirmou.
Segundo Digiacomo, o aumento da taxa Selic pelo Banco Central tem ajudado muito o desempenho do real, levando os juros para níveis em que a moeda brasileira fica mais competitiva em termos de carrego.
Custos mais altos dos empréstimos no Brasil tornam o real mais atrativo para estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros de uma divisa de juro maior, como a divisa brasileira. O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.
Embora as eleições presidenciais de 2022 devam trazer um “cenário mais desafiador para o real”, elas não devem afetar a tendência de prazo mais longo de fortalecimento da moeda doméstica, afirmou Digiacomo.
O BNP Paribas projeta que o dólar encerrará o ano de 2021 em 4,75 reais.
Nesta quarta-feira, o dólar era negociado em torno dos 5,08 reais na venda.