Quando fundou a Amaro, em 2013, o suíço radicado no Brasil Dominique Oliver sabia onde queria chegar: ter uma love brand do varejo digital. Para isso, a companhia tem intensificado a curadoria de conteúdo e o mapeamento de marcas para construir o portfólio mais cool do mercado. São 300 nomes renomados que se juntaram à plataforma, como Adidas, Converse, Lancôme, Melissa e L’Oréal. Há também grifes como Pantys (primeira linha de calcinhas absorventes no Brasil com a qual a Amaro lançou uma coleção especial em 2021), B.O.B (de cosméticos em barra), Insecta (de sapatos veganos) e Holistix (linha de produtos ayurveda que se firmou em um nicho de influenciadores digitais “good vibes”). Neste ano, mais 200 marcas passarão a integrar o leque de parceiros. “Um mix de pequenas e grandes, para que nossa cliente encontre tudo na Amaro, sem abandonar o prazer da descoberta”, disse o CEO Oliver.

O universo consumidor da Amaro, formado por uma maioria de millennials e geração Z (nascidas entre 1981-2010) das classes A e B, é muito atraente para esse mercado: as marcas tradicionais querem rejuvenescer seu público, enquanto as mais novas ainda não têm o poder de marketing para se projetar entre esse grupo. Para Oliver, o segredo foi ter solucionado as dores das clientes ao integrar as compras dessas categorias e elevar a experiência de consumo on-line. Ele explica que as consumidoras estavam frustradas com a desintegração dos sistemas das marcas e, por outro lado, insatisfeitas com os marketplaces horizontais, que não entregavam conforme as expectativas. Por isso, além de abrir o portfólio, a Amaro consolidou o trabalho de curadoria, que avalia a relevância cultural dos parceiros. “Construímos uma marca que tem personalidade e voz num mundo em que isso é cada vez mais importante”, afirmou. “As pessoas querem comprar com empresas que se posicionam.”

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Fugir do mainstream é a palavra de ordem na Amaro. São 800 funcionários em um escritório em Pinheiros – bairro que se transformou na meca das tendências de consumo na capital paulista. O local funciona, nas palavras de Oliver, “como um microcosmos de geração Z e millennials”. Mas ele mesmo admite que não basta ser jovem ou conectado para estar no pulso das tendências. O contato com o ecossistema de startups é fundamental para alimentar essa área da empresa. Além de discussões sobre a evolução do e-commerce, melhoria de serviços e tecnologia para experiências, o trabalho permite identificar parceiros potenciais. “Conhecemos todos os fundadores das pequenas marcas com as quais trabalhamos”, disse. O alinhamento cultural é verificado nesses encontros, quando a equipe avalia a preparação das empresas para o ambiente digital e se o posicionamento faz sentido para seu público. O processo é rigoroso porque não há vendedores terceirizados no e-commerce da Amaro, já que a companhia se responsabiliza por atendimento, venda e distribuição dos produtos em seu portfólio.

EXPANSÃO A rede física também faz parte da expansão desse universo na Amaro. Os guide shops, novos modelos de lojas com 1,5 mil m2 que simulam ambientes domésticos, devem se fortalecer nas capitais neste ano. Mas como o público da empresa é habituado ao on-line, a estratégia para o comércio físico precisa ser bem persuasiva. Oliver explica que o diferencial foi transformar esse espaço em uma extensão da experiência com a marca. “Os parceiros querem promover eventos e inovar em recursos para contar histórias nesse ambiente.”

O empresário replicou na sua companhia o que viu dar certo na Europa e nos Estados Unidos, onde trabalhou por oito anos antes de largar a atuação corporativa pela empreitada brasileira. De lá para cá, o mercado mudou, mas o suíço ainda sente falta de uma agenda de consumo mais sustentável, que considera nichada no País. Na Amaro, ele emprega essa visão em todas as frentes: a plataforma mensura a pegada de carbono de todos os produtos e, internamente, a empresa está gerindo seu impacto e comprando créditos verdes certificados para ser carbono neutro. Para Oliver, romper os padrões do varejo exige ultrapassar as vitrines.