02/12/2025 - 16:23
Os setores de varejo e indústria receberam R$ 50 milhões em boletos de empresas cujos CNPJs não aparecem na base da Receita Federal este ano, aponta estudo conduzido pela Qive (antiga Arquivei) e divulgado nesta terça-feira, 2. Os dois segmentos são os que mais concentram vulnerabilidade nessa frente.
Os dados são parte de uma pesquisa mais ampla da plataforma de automação de contas a pagar, que analisou mais de 3 milhões de boletos processados, a um volume de R$ 68,6 bilhões de 175 mil emissores. Desse total, R$ 69,5 milhões não estão na base da Receita Federal.
A Qive explica que esse tipo de inconsistência não necessariamente implica em fraudes, mas pode gerar custos para os empresários.
Segundo as projeções do levantamento, gastos com multas por atrasos e inadimplência de boleto devem atingir R$ 1,3 bilhão em 2025, com base em informações analisadas de janeiro a outubro.
A co-CEO e cofundadora da Qive, Isis Abbud, avalia que o problema reflete, em parte, a dependência excessiva de operação humana das corporações e uma cadeia de fornecedores complexa. “Os golpes se aproveitam de brechas em fluxos manuais, integração fraca entre sistemas e confiança excessiva em e-mails, PDFs e cadastros não verificados”, ressalta.
Ainda segundo a Qive, as notas potencialmente frias totalizaram R$ 9,5 bilhões no período analisado, com quase 1% das notas fiscais manifestadas pelo tomador como “desconhecimento da operação” e “operação não realizada”. Neste caso, o varejo lidera o custo total, com R$ 970 milhões, seguido de serviços (R$ 286 milhões) e indústria (R$ 84 milhões).
Em relação aos títulos que falharam, que abrangem boletos cancelados, bloqueados ou baixados, o setor de infraestrutura teve o maior montante de origem desconhecida e/ou inconsistente, com pouco mais de R$ 500 mil.
“É visível que esse problema atinge setores vitais da economia, e é essencial que as empresas deixem de depender de checagens manuais ou suposições operacionais. A automação não é uma conveniência, mas uma infraestrutura básica de proteção financeira capaz de transformar risco em segurança e garantir a integridade do processo contra fraudes, inconsistências e perdas”, defende Isis.