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Luxo acessível: os produtos assinados por ícones do mundo da moda fazem tanto sucesso que são vendidos em apenas um dia

 

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Jimmy Choo na H &M: os cobiçados sapatos (à esq.) custarão 100 euros. As estilistas Tamara Mellon e Margareta van den Bosch (à dir.) se encontram para fazer provas em uma modelo

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Uma das marcas de sapato mais desejadas por celebridades que desfilam no tapete vermelho do Oscar tornou- se acessível. Por pouco tempo, é claro. A Jimmy Choo, grife londrina que cobra 400 euros por um par, assinou um contrato com a rede varejista sueca H&M para criar calçados, bolsas, acessórios e Uma das marcas de sapato mais desejadas por celebridades que desfilam no tapete vermelho do Oscar tornou- se acessível.

Por pouco tempo, é claro. A Jimmy Choo, grife londrina que cobra 400 euros por um par, assinou um contrato com a rede varejista sueca H&M para criar calçados, bolsas, acessórios e Cavalli e até pela estilista Stella McCartney. “Queremos mostrar que ter estilo não é uma questão de preço”, disse à DINHEIRO Margareta van den Bosch, diretora de design da H&M. Nessa estratégia de trazer o luxo para as massas, a rede sueca, que no ano passado faturou 104 bilhões de coroas suecas (equivalente a US$ 13 bilhões), está passando pela crise econômica sem grandes traumas.

 

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Exemplo disso é que, das 1,8 mil lojas H&M espalhadas por 34 países, cerca de 200 foram abertas desde o início deste ano. O último aporte foi na Rússia e há planos de desembarcar no Brasil, Coreia, Líbano e Israel. O segredo para oferecer roupas criadas por mestres de alta-costura com preços acessíveis se esconde na escala. “Como fabricamos em larga escala, o preço pode ser menor”, explica Margareta.

Com a parceria com a Jimmy Choo, a H&M está apostando pela primeira vez em uma grife especializada em sapatos. “Essa é uma novidade para os dois lados. Para nós, que teremos a Tamara Mellon como designer, e também para a própria Tamara, que desenhará roupas pela primeira vez.” A rede não revela detalhes do acordo, mas acredita-se que a designer terá participação nas vendas. “Em ações como essa, as pessoas fazem filas na porta das lojas e o produto acaba rápido.

Mas é óbvio que não se encontram a mesma qualidade e nem a mesma experiência de compra nas lojas das grifes de luxo”, diz Alberto Serrentino, sócio-diretor da consultoria GS&MD, especializada em varejo. Enquanto as grifes produzem de forma praticamente artesanal, a H&M fabrica em grande volume. Em alguns casos, porém, a mecânica é mais complicada do que parece. Ao convidar Stella McCartney, famosa por usar materiais ecológicos em suas peças, a H&M teve de usar couro sintético para atender à ideologia da estilista.

O investimento, porém, valeu. Toda a linha foi vendida. Já Karl Lagerfeld, da Chanel, declarou que não trabalharia com a H&M outra vez. Motivo: se a intenção era tornar sua obra acessível, a rede, que vendeu tudo em algumas horas, teria que ter produzido em maiores quantidades. O segredo da H&M é produzir de forma rápida, com renovações constantes de estoque. Tanto é que, enquanto as grifes de luxo demoram cerca de quatro meses para chegar com as peças nas vitrines, redes como a H&M, a espanhola Zara e a inglesa TopShop conseguem lançar produtos parecidos em apenas 30 dias.

Não é à toa que são denominadas de fast fashion (moda rápida). “As parcerias são boas, pois o estilista pode fazer com que mais pessoas tenham acesso ao seu trabalho”, conta Amir Slama, presidente da Associação Brasileira de Estilistas. A fórmula tem dado tão certo que redes com presença no Brasil acabaram importando o modelo. A holandesa C&A, por exemplo, anunciou durante o último São Paulo Fashion Week que realizará uma parceria com o estilista Reinaldo Lourenço. E ele não é o primeiro. Paula Raya e Fernanda de Goye, que formam a grife Raya de Goye, já esboçaram peças para a rede de varejo.

“Estas parcerias agregam valor para os produtos, mas têm de ser feitas apenas temporariamente para não perder a aura de exclusividade”, diz Danilo Cid, sócio da consultoria de marcas Ana Couto Branding.