Após mais de um mês do primeiro caso de Varíola dos Macacos (Monkeypox) no Brasil, o país já soma 607 casos, de acordo com o informe diário publicado pelo Ministério da Saúde. Especialistas, no entanto, acreditam que o número de casos pode ser muito maior. 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em informe publicado no último domingo, há mais de 14 mil casos da doença em 72 países. O Brasil está entre os 10 primeiros da lista. 

+OMS: há registro de mais de 14 mil casos de varíola dos macacos, em 71 países

Dificuldade no diagnóstico

Como o Monkeypox ainda é uma doença desconhecida por muitos, se acreditou que os sintomas fossem simples de se identificar. Febre, dor de cabeça, dores musculares, dor nas costas, calafrios, exaustão e feridas pelo corpo eram os sinais evidentes para que a pessoa procurasse um médico. 

Acontece que nem sempre esse sinais aparecem de forma muito contundente, o que pode estar fazendo com que pessoas contaminadas não estejam em isolamento e, com isso, infectando muitas outras, além de não realizar o teste.  

“Esses casos são a lasquinha da ponta do iceberg”, acredita o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Unesp e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. 

“Nesse atual surto mundial as apresentações estão muito atípicas. A monkeypox já conhecia desde a década de setenta em países da costa atlântica e no centro da África, e era uma doença que geralmente gerava bastante lesão vesicular e pústulas no rosto, nos troncos, no nos braços e nas costas e não é isso que está acontecendo agora. A doença está tendo uma apresentação muito tênue, muito leve, muito benigna”, disse, destacando a dificuldade em procurar ajuda médica. 

A infectologista do HSANP Laís Seriacopi também alerta que é preciso ficar muito atento com pequenas lesões, principalmente na região genital, no rosto e nas mãos. 

“São lesões que fazem aquelas ulcerazinhas com as bordas elevadas, faz crosta, pode começar com pápula, e elas são bem heterogêneas, tem muito diagnóstico diferencial. Então começou a lesão, já é bom ir ao serviço de saúde para testar e fazer o diagnóstico, ter a precaução de contato para diminuir o risco de transmissão”, explicou. 

Taxa maior entre homens gays e bissexuais não deve estigmatizar população

Apesar de todas as pessoas estarem expostas a pegar a varíola dos macacos, o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos alerta para a alta presença da doença em homens gay ou bissexuais que tiveram relações sexuais com outros homens. 

Essa tendência já havia sido mostrada no Reino Unido, onde no começo de julho, dos 152 pacientes que responderam questionários a pedido da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA), 151 responderam que eram homens homossexuais ou bissexuais

Apesar desse maior número de casos entre homens não heterossexuais, é preciso não estigmatizar essa população, já que a doença pode ser contraída por qualquer pessoa, até mesmo crianças. 

“É muito importante não estigmatizar certas populações que neste momento estão mais vulneráveis. A transmissão acontece com qualquer contato de pele, pode ser um abraço, um contato próximo e até mesmo almoçar ou jantar com uma pessoa infectada mesmo antes dela ter lesões”, afirmou Barbosa.