22/06/2022 - 13:43
A Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês) recomendou nesta terça-feira, 21, vacinar homens gays e bissexuais para tentar controlar o surto de varíola dos macacos. A estratégia de imunização define que devem receber a injeção aqueles em maior risco de exposição ao vírus, mas o Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS England) ainda precisa definir detalhes sobre as pessoas elegíveis.
Até segunda-feira, 20, o Reino Unido confirmou 793 casos da doença. De 152 que responderam a questionários, 151 se identificaram como gays, bissexuais ou homens que fazem sexo com homens (GBMSM).
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Não há vacina licenciada no Reino Unido ou na Europa para imunização contra a varíola dos macacos. Por isso, a recomendação é usar o imunizante Imvanex, aprovado para combater a varíola (smallpox), mas usada em ocasiões anteriores com a monkeypox.
A agência destaca que qualquer pessoa pode contrair a doença, porém, dados mostram níveis mais altos de transmissão dentro “das redes sexuais de homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens”. O vírus, reforça a UKHSA, ainda não é considerado uma infecção sexualmente transmissível (IST), mas pode ser transmitido por contato próximo.
Por mais que a NHS ainda precise definir detalhes da elegibilidade, a ideia é que ela seja semelhante aos critérios usados para profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP). Assim, o profissional de saúde pode indicar vacinação para homens que tenham vários parceiros ou participem de sexo em grupo, por exemplo. A orientação é, por ora, que ninguém busque a vacina sem ser contatado.
Mary Ramsay, chefe de imunização da UKHSA, destaca que, com a medida, esperam “quebrar as cadeias de transmissão e ajudar a conter o surto”. “Embora a maioria dos casos seja leve, a doença grave pode ocorrer em algumas pessoas.”
Robbie de Santos, diretor de comunicação e assuntos externos da Stonewall UK, organização não governamental de direitos LGBT+, comemorou a decisão. “É importante que homens gays e bissexuais tomem a vacina quando oferecida para proteger a si e aos outros. Vamos ajudar a controlar o surto para que todos possamos ter uma temporada de orgulho segura e feliz.”
Surgimento dos casos
O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varíola dos macacos é endêmica. Desde então, países da Europa, assim como Estados Unidos, Canadá e Austrália, confirmaram casos.
Transmissão
Identificada pela primeira vez em macacos, a doença viral geralmente se espalha por contato próximo e ocorre principalmente na África Ocidental e Central. Raramente se espalhou para outros lugares, então essa nova onda de casos fora do continente causa preocupação. Existem duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave, com até 10% de mortalidade, e a cepa da África Ocidental, que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 1%.
O vírus pode ser transmitido por meio do contato com lesões na pele e gotículas de uma pessoa contaminada, bem como através de objetos compartilhados, como roupas de cama e toalhas. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.
Sintomas
Os sintomas se assemelham, em menor grau, aos observados no passado em indivíduos com varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas durante os primeiros cinco dias. Erupções cutâneas (na face, palmas das mãos, solas dos pés), lesões, pústulas e, ao final, crostas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os sintomas da doença duram de 14 a 21 dias.
Prevenção
De acordo com o Instituto Butantan, entre as medidas de proteção, autoridades orientam que viajantes e residentes de países endêmicos evitem o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas) e devem se abster de comer ou manusear caça selvagem.
Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes ferramentas para evitar a exposição ao vírus, além do contato com pessoas infectadas.