A taxa de administração funciona como uma espécie de preço cobrado pelo seu fundo de investimento para gerir o seu dinheiro e remunerar não apenas os gestores, mas também os distribuidores. Em tese, quanto mais sofisticada a estratégia, tempo, infraestrutura e talento empregados para entregar o melhor retorno aos cotistas, maior será esse valor, e vice-versa.

Mas o fato é que nem sempre é assim, e não são poucos os casos de fundos “mico”, em que o investidor vê uma parte importante do seu rendimento ser comido por taxas de administração excessivas, seja em fundos de renda fixa, seja em fundos multimercado e de ações.

“Taxas mais altas podem corroer os rendimentos ao longo do tempo, especialmente em fundos com rentabilidade mais conservadora”, alerta Maria Levorin, diretora de distribuição e suitability da Multiplica Crédito & Investimentos.

Especialistas dão dicas de como o investidor pode identificar quanto as taxas são muito elevadas para o serviço prestado. Confira abaixo:

1. Avalie o tipo de fundo e o seu potencial de retorno

Em primeiro lugar, os investidores devem considerar se a taxa cobrada faz sentido para o tipo de fundo de investimento – de renda fixa, multimercado ou ações – e o seu potencial de retorno.

De acordo com os especialistas, os fundos de investimento conservadores, que costumam ter como referência o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), devem oferecer taxas de administração menores, ainda mais em um momento de alta da taxa básica de juros, a Selic.

É a mesma avaliação de Levorin, especialista da Multiplica. “Eles geralmente oferecem retornos mais previsíveis e conservadores. Uma taxa de administração alta pode comprometer significativamente a rentabilidade, especialmente em cenários de juros baixos.”

Fundos multimercado e fundos de ações costumam cobrar taxas maiores, já que pedem mais estratégia, tempo e experiência do gestor, mas fique de olho em excessos – é possível encontrar fundos que cobram taxas de até 8%.

2. Compare a taxa de administração com a média do mercado

Outro ponto essencial é comparar as taxas de administração cobrada pelos fundos nos quais você tem interesse com a média do mercado.

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) informa mensalmente a taxa de administração média cobrada dos fundos distribuídos. Em setembro, último dado disponibilizado, a taxa média de fundos de renda fixa ficou em 0,62%; a dos fundos multimercado, em 0,95%; e os fundos de ações, em 1,54%.

“É importante comparar as taxas e verificar se elas estão adequadas ao serviço oferecido, como gestão ativa e análise personalizada”, diz a especialista da Multiplica.

3. Entenda o impacto da taxa na sua rentabilidade

É possível encontrar na internet simuladores para entender qual pode ser o impacto da taxa de administração na rentabilidade do seu fundo.

Considerando-se uma taxa do CDI de 11,15%, por exemplo, a rentabilidade de um fundo com taxa de administração de 1% para resgate em 6 meses seria de 0,62% ao mês. As mesmas condições para um fundo com taxa de administração de 2% reduziria esse retorno mensal a 0,55%.

4. Olhe o desempenho histórico do fundo

Verificar o desempenho histórico do fundo, informação que também pode ser encontrada na lâmina, é uma recomendação sempre dada por especialistas na hora de avaliar se aquela taxa de administração se justifica.

“Uma das principais recomendações é que o investidor analise o histórico de desempenho do fundo, verificando se ele supera o benchmark ou outros fundos equivalentes, com perfis de risco e retorno similares, no longo prazo”, diz Denis Omati, diretor de soluções de Investimentos da Constância Investimentos.

Ele lembra que a rentabilidade apresentada pelo fundo já é descontada da taxa de administração e de performance, facilitando a comparação.

5. Há casos em que a taxa de administração alta se justifica

Em alguns casos, a taxa de administração mais elevada se justifica, principalmente em casos de fundos com gestão ativa e estratégias diferentes.

“Há fundos com acesso a mercados exclusivos ou alocação em ativos complexos que demandam maior expertise”, diz Levorin, da Multiplica. “Por exemplo, fundos multimercados ou de ações com gestores renomados podem justificar um custo mais alto, desde que entreguem resultados consistentes acima do benchmark.”

Mathias Teixeira, diretor de Relacionamento Institucional e Distribuição da Ecoagro, diz que o investidor deve analisar o perfil do fundo de investimento antes de realizar aportes. “Taxa de administração pode ser elevada a depender do tipo de fundo, estratégia de investimento e ao nível de serviço oferecido.”

6. Tome cuidado com as taxas de performance

Muitos fundos cobram taxas de performance, geralmente em fundos de gestão ativa, e são atreladas ao desempenho superior ao benchmark. Nesses casos, é importante verificar se, de fato, a rentabilidade supera a referência do fundo – ou seja, se a taxa de performance se justifica.

“É importante verificar se a cobrança é transparente e justa”, aconselha Levorin.

“Diferentemente da taxa de administração, a cobrança da taxa de performance é menos previsível, pois é aplicada apenas quando a gestora entrega um desempenho superior a um benchmark pré-definido, como CDI, Ibovespa, IMA-B, entre outros”, lembra Omati.

7. Observe se o fundo cobra taxas de entrada e saída

Há fundos de investimentos que cobram uma taxa de entrada, que é um valor para ter acesso ao investimento, e também taxa de saída – quando o cotista quer resgatar suas cotas em um prazo inferior ao tempo padrão estipulado pelo fundo.

“Essas taxas são aplicadas em alguns fundos para entrada ou resgate de recursos”, afirma Levorin. “Avaliar a existência e o valor dessas taxas é essencial para evitar surpresas.

8. Fique de olho em outras taxas

Os fundos de investimento podem cobrar outras taxas, e o investidor deve ficar atento a elas para saber se estão sendo cobradas de forma justa. “Monitorar esses custos ajuda o investidor a escolher fundos mais alinhados ao seu perfil e objetivos financeiros, maximizando os retornos”, diz Levorin.

Confira abaixo algumas delas:

  • Taxa de custódia: cobrada em alguns fundos por manter os ativos sob custódia. “Geralmente já está inserida na taxa de administração, quando o player presta ambos os serviços”, diz a especialista da Multiplica.
  • Taxa de distribuição: cobrada quanto algum outro agente distribui o fundo. Em geral, é deduzida da taxa de administração, impedindo que o investidor seja cobrado adicionalmente.
  • Taxa de cobrança: aparece em fundos de crédito, e remunera o agente de cobrança do fundo.
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