O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já se encontra em conversa com o líder dos Estados Unidos, Joe Biden. Após desembarcar em companhia da primeira-dama Rosângela Silva/Janja em Washington DC nesta quinta-feira (9), ele se dirigiu para a Blair House, casa destinada para quem visita o presidente dos EUA. Fernando Haddad, da Fazenda, Anielle Franco, da Igualdade Racial, e assessores de Lula também viajaram para a capital estadunidense. 

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 Há cerca de 4 anos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez o mesmo rito político e foi aos EUA encontrar o então presidente Donald Trump. No dia 19 de março de 2019, o encontro aconteceu, e os dois líderes discutiram temas como comércio, segurança e defesa e energia. 

Embora seja um ritual comum, a amizade entre líderes das Américas tem tons diferentes, com discursos e agendas nada similares – um conservador com um republicano, O outro de esquerda e mais acostumado a encontros diplomáticos com um democrata. Veja abaixo como foi a visita de Bolsonaro a Trump, e como está sendo a de Lula a Biden: 

Objetivos

  • Lula/Biden: os líderes atuais devem concentrar esforços em debater a democracia. Vale lembrar que, assim como Lula e os ataques terroristas em Brasília, Biden teve os primeiros dias de governo atacados, com a invasão ao Capitólio em janeiro de 2021; 

O apoio do mandatário dos EUA ao Fundo Amazônia, destinado a promover projetos para a prevenção e o combate ao desmatamento e também para a conservação e o uso sustentável das florestas na Amazônia Legal também é aguardado, uma vez que Biden já sinalizou expectativa de trabalhar o tema com Lula. 

Com as relações internacionais abaladas na gestão de Bolsonaro, Lula soma, nos primeiros 40 dias de governo, viagens e conversas para estreitar laços comerciais internacionais novamente. O comércio deve ser um tema buscado com Biden. 

  • Bolsonaro/Trump: adepto das ideias de Trump, Bolsonaro estava em êxtase com o encontro de 4 anos atrás. “Pela primeira vez em muito tempo, um Presidente brasileiro que não é anti-americano chega a Washington. É o começo de uma parceria pela liberdade e prosperidade, como os brasileiros sempre desejaram”, escreveu em seu Twitter, antes de chegar a Washington. 

Na oportunidade, os ex-chefes conservadores focaram em debater comércio bilateral, parcerias estratégicas na área militar e a situação política e econômica da Venezuela. 

“Brasil e Estados Unidos estão lado a lado em seus esforços para compartilhar liberdades e respeito a estilos de vida tradicionais e familiares; respeito a Deus, nosso criador; contra a ideologia de gênero das atitudes politicamente corretas e fake news“, disse Bolsonaro na época.

Diplomacia

  • Lula/Biden: Como de costume, esperava-se que Lula fosse recebido pelo embaixador brasileiro ao pisar em solo norte-americano. No entanto, o diplomata Nestor Forster Jr, indicado por Bolsonaro, sumiu. Fiel a Bolsonaro e fã de Olavo de Carvalho – o guru do bolsonarismo – ele teria pedido férias antes da visita para não receber o brasileiro. 
  • Bolsonaro/Trump: Na agenda da visita presidencial, Bolsonaro foi convidado a participar, assim que desembarcou nos EUA, de um jantar na residência do embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral. 

Repercussão na imprensa

  • Lula/Biden: Clima, democracia, relações internacionais: esses, até o momento são pontos focais da repercussão do encontro na imprensa ao redor do mundo.

“Biden e Lula colocarão foco em democracia e clima durante visita”, disse o The Independent; “Biden e Lula devem se encontrar após insurreição no Brasil parecida à de 6 de janeiro”, estampou a chamada do The Washington Post; “Lula e Biden pretendem restabelecer relações Brasil-EUA”, escreveu o Financial Times

  • Bolsonaro/Trump: Quando Bolsonaro foi aos EUA, o New York Times declarou que o presidente já deu “declarações ofensivas contra mulheres, gays e grupos indígenas”. Outra observação sobre a visita foi do Los Angeles Times, que enfatizou o que chamou de “conservadorismo social e hostilidade em relação à imprensa” por parte de Bolsonaro. 

O The Washington Post fez questão de mencionar, na época, que as redes sociais foram inundadas com as hashtags #BolsonaroEnvergonhaOBrasil, por parte de críticos, e #BolsonaroOrgulhoDoBrasil, pelos simpatizantes.