15/02/2025 - 7:00
Donald Trump anunciou nesta semana que passará a aplicar tarifas recíprocas para todos os países. O anúncio faz parte da agenda protecionista do republicano, que prometeu durante as eleições que elevaria as taxas de produtos importados de outros países para fortalecer a produção nos Estados Unidos.
Entre os principais alvos de Trump estão China, Japão, Coreia do Sul e União Europeia, mas o Brasil também deverá ser afetado pelo tarifaço, caso as novas tarifas entrem de fato em vigor.
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O Brasil bateu recorde de exportações para os EUA em 2024, ultrapassando a marca de US$ 40 bilhões, segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).
O relatório divulgado pela entidade aponta o forte papel da indústria brasileira nas exportações, que sozinhas somaram US$ 31,6 bilhões – 5,8% a mais que em 2023. Ainda no contexto da indústria, é importante destacar o setor de transformação, que representou 78,3% de tudo que foi enviado para os Estados Unidos no ano passado.
Apesar de Trump ter mencionado o Brasil como um dos países que serão alvo de tarifas de importação “recíprocas”, quase a metade das vendas de produtos norte-americanos ao mercado brasileiro é livre de tarifas.
A Amcham Brasil explica que a tarifa média de importação aplicada pelo Brasil ao mundo é de 12,4%, mas que para produtos dos Estados Unidos ela cai a apenas 2,7%. Isso porque 48% das exportações do país entram no território brasileiro sem tarifas, e outros 15% estão sujeitos a alíquotas de no máximo 2%.
Além disso, segundo dados dos Estados Unidos, nos últimos dez anos (2014-2023) o país acumulou superávit de US$ 263,1 bilhões no comércio de bens e serviços com o Brasil, disse a Amcham.
Veja abaixo a lista dos produtos mais exportados pelo Brasil aos EUA:
Veja abaixo a lista dos produtos mais exportados pelos EUA ao Brasil:
‘O Brasil não é problema comercial para os EUA’
Em resposta às medidas de Trump, o vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que o Brasil não representa um problema comercial para os Estados Unidos.
Ele explicou também que, dos dez produtos mais exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, apenas quatro não são taxados pela alfândega estadunidense, nos demais são impostas tarifas. Já nos dez produtos mais importados pelo Brasil vindos dos EUA, oito entram totalmente livres de tarifas.
“O caminho do comércio exterior é ganha-ganha. É ter reciprocidade, não é alíquota igual. Reciprocidade é você vender mais onde é mais competitivo, onde você é menos competitivo, você compra. Produtos que você não tem, você adquire. Essa é a regra e é nesse princípio que nós vamos trabalhar”, disse Alckmin.
Alckmin ainda completou que acredita que a resolução da questão comercial será com base no diálogo e entendimento entre os países, seja no caso do Etanol, do aço brasileiro ou demais produtos.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e garantiu que, se os EUA tomarem medidas contra o Brasil, seu governo reagirá com reciprocidade.
*Estagiário sob supervisão