31/07/2019 - 21:47
Missão cumprida: a organização americana The Planetary Society anunciou nesta quarta-feira que sua vela solar LightSail 2, lançada no mês passado, atingiu com êxito sua órbita utilizando apenas o poder dos fótons do sol.
A equipe por trás desse experimento, que custou 7 milhões de dólares, disse que conseguiu utilizar uma nova forma de propulsão alternativa que poderia um dia transformar a exploração do espaço profundo, eliminando a necessidade de foguetes e combustível caros.
“Nos últimos quatro dias, a espaçonave atingiu seu pico, ou ponto alto orbital, em aproximadamente 1,7 quilômetro atribuível à navegação solar”, disse Bruce Betts, gerente do programa LightSail 2.
Isso a converte na primeira nave espacial a utilizar a vela solar para propulsão na órbita da Terra, e no segundo aparelho deste tipo a voar com êxito, após o Ikaros do Japão, lançado em 2010.
“Esta tecnologia nos permite levar as coisas para destinos extraordinários no sistema solar, e talvez até além, de uma forma que nunca foi possível porque não precisa de combustível e nem dos sistemas para controlar o combustível”, disse Bill Nye, diretor-executivo do Planetary Society.
Acrescentou que gostaria de ver a tecnologia aplicada às missões que buscam a vida em Marte, na lua Europa de Júpiter e na lua Titã de Saturno. “As velas solares poderiam reduzir o custo dessas missões”, afirmou.
Outro uso para essa tecnologia pode ser a manutenção de satélites artificiais em um ponto fixo, o que exigiria correções infinitas com métodos convencionais.
A ideia de navegação solar foi teorizada pela primeira vez em 1600 por Johannes Kepler, que escreveu que velas e navios “poderiam se adaptar à brisa celestial”.
O LightSail 2 coloca isso em prática através de um pequeno satélite com uma folha de 32 metros quadrados de tereftalato de polietileno (PET) muito fina, leve e reflexivo, que permite que o dispositivo seja movido pelo simples impulso dos fótons do sol.
Ao tocar a vela, os fótons transferem seu impulso em direção oposta à luz refletida.
Os paralelos com a navegação oceânica não param por aí: a medida que voa em direção ao sol, a vela é orientada para a borda, efetivamente desligando o seu impulso. Ao voar para longe do Sol, a vela se volta para os fótons e recebe um leve empurrão.