06/07/2005 - 7:00
Os franceses não desistem mesmo de tentar dominar os céus. Depois de a Airbus construir o maior avião de passageiros do mundo, o A380, é a vez da Associação de Indústrias Aeroespaciais da França se unir aos japoneses e ?ressuscitar? o Concorde, a aeronave supersônica que rasgou o firmamento por 34 anos a duas vezes a velocidade do som. Cada país investirá US$ 920 mil por ano, até 2008, na pesquisa para desenvolver o projeto. Isso mesmo. São US$ 5,52 milhões, valor extremamente baixo para desenvolver um avião. Mas não quando o projeto já existe e o que precisa ser feito é aperfeiçoá-lo e ampliá-lo. A nova versão do supersônico levará 300 passageiros ? três vezes mais que o pioneiro. E também deve ser mais rápida, atingindo 2,4 vezes a velocidade do som.
O desafio é superar as barreiras que britânicos e franceses encontraram nas três décadas em que operaram o avião: o barulho dos motores e o alto consumo de combustível, normalmente repassado aos preços das passagens, que chegavam a US$ 6 mil numa viagem de Londres a Nova York. Para tentar solucionar os problemas, foram convocados ícones da indústria japonesa como a Mitsubishi, a Kawasaki e a Fuji Heavy Industries. Do lado francês, a EADS, dona da Airbus, trará o know-how adquirido na primeira experiência.
O Concorde franco-nipônico vai reduzir o tempo de vôo entre Tóquio e Nova York para seis horas, metade do que é hoje. ?Comercialmente, a construção desse avião é pura vaidade. É uma Daslu dos céus?, diz José Carlos Martinelli, consultor em aviação da Eurolatin. Ele explica que, com a diferença ente os fuso-horários do Japão e dos EUA, por exemplo, um vôo de seis horas não compensa. ?O avião terá de realizar menos viagens para se adequar aos horários das duas rotas. A companhia aérea sairá perdendo?, esclarece. Mas isto não parece preocupar os fabricantes por enquanto. O novo supersônico só deve começar a voar em 2015.