O vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, 69 anos, alertou para o “fim do Bitcoin”. Em artigo intitulado “Blockchains, para que servem?” e publicado no jornal americano New York Times, Krugman afirmou que blockchains são inúteis. Ele criticou a expressão “inverno cripto” por acreditar que, desta vez, o inverno não será apenas mais uma estação nas cotações das criptomoedas.

“Os preços dos ativos criptográficos despencaram, enquanto um número crescente de instituições criptográficas entrou em colapso em meio a alegações de escândalo”, disse o norte-americano.

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Tomando emprestado o mito do Ragnarök – o fim do mundo, segundo a mitologia nórdica – Krugman diz que o atual “inverno cripto” se parece cada vez mais com o “fimbulwinter”, o inverno de vários anos que precede o fim de tudo naquela mitologia. “Nesse caso, [o fim de] todo o mundo cripto, não apenas das criptomoedas, mas de toda a ideia de organizar a economia ao redor do famoso ‘blockchain'”, sentencia o economista.

De acordo com o norte-americano, “havia uma justificativa alternativa e mais modesta para o uso da tecnologia blockchain, embora não necessariamente para criptomoedas: ela deveria oferecer uma maneira mais segura e de baixo custo de rastrear transações e outras coisas em geral”.

“Mas esse sonho parece estar morrendo também. Em meio a todo o barulho e fúria sobre o FTX, não tenho certeza de quantas pessoas notaram que as poucas instituições que tentaram seriamente fazer uso de blockchains parecem estar desistindo”, continuou. FTX é uma bolsa de criptomoedas que fica em Bahamas, na América Central.

‘Cinco anos atrás, era para ser um grande negócio – um sinal de aceitação popular – quando a bolsa de valores da Austrália anunciou que planejava usar uma plataforma blockchain para compensar e liquidar negociações. Há duas semanas, cancelou discretamente o plano, cancelando perdas de US$ 168 milhões”, complementou Krugman.

Segundo o norte-americano, “a bolha criptográfica teve enormes custos para a sociedade como um todo”. “A mineração de Bitcoin sozinha usa tanta energia quanto muitos países; Tenho tentado estimar o valor dos recursos consumidos na produção de tokens fundamentalmente inúteis, e provavelmente está na casa das dezenas de bilhões de dólares, sem contar os danos ambientais”.

Token, no campo das criptomoedas, é a representação digital de um ativo. Tokens Não-Fungíveis (NFT’s) são mercadorias que podem mudar de valor conforme a especulação em torno dela. NFT’s são produtos que não podem ser trocados por outro, como uma escultura, por exemplo – não pode ser substituída; não existe outra igual, a mesma obra.

Quando se compra alguam coisa com o certificado NFT, a pessoa recebe um registro da compra no banco de dados chamado blockchain em que ficam gravadas informações de venda para comprovar a transação feita pelo comprador. Ser um token não fungível é ter um certificado digital de propriedade, uma confirmação de autenticidade.

Os bens fungíveis são aqueles que podem ser substituidos. Por exemplo, uma nota de R$ 10 pode ser trocada por duas de R$ 5.

Stablecoins

Os stablecoins são um tipo de moeda digital, com baixa volatilidade. A ideia é controlar a alta volatilidade dos ativos. Normalmente essas moedas são criadas em uma blockchain.

As stablecoins são lastreadas em ativos reais, concretos, que tenham valor próprio, como petróleo. São moedas que podem ser vinculadas a uma mercadoria no mundo real. Também podem ser lastreadas em moedas como dólar e euro. É como se o valor do stablecoin correspondesse ao mesmo valor de um produto em um determinado dia.