05/01/2022 - 17:07
Não é novidade para ninguém que o brasileiro tomou gosto pelas compras online durante a pandemia de coronavírus. De acordo com dados do Índice Cielo de Varejo Ampliado, o aumento das vendas online no período de Natal foi de 38% em comparação com 2020.
Apesar disso, com os números de infectados pelo coronavírus caindo e o de vacinados subindo, muitos consumidores podem voltar às compras físicas em 2022. Esse cenário, de acordo com o professor de marketing digital do Centro Universitário Senac, Renato Bonfanti, significa que os varejistas precisam marcar presença nas duas modalidades de venda.
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“O varejo físico tende a se recuperar se os comerciantes compreenderem que não basta reabrir as portas de suas lojas, mas é preciso investir em tecnologia e estender sua presença, operando no mundo físico e online. Quem decide onde e como comprar é o consumidor, não mais o varejista. Portanto, possibilitar essa autonomia de compras estando presente nos mais variados canais online será uma necessidade vital para o varejo brasileiro”, disse.
Cliente não é só on ou offline
Essa estratégia dos varejistas estarem presentes tanto on e offline ficou conhecida como omnichannel e está sendo praticada por diversos grandes varejistas. Um dos maiores exemplos é quando você compra algo online e pede para pegar na loja física.
Rodrigo Garcia, diretor-executivo da Petina Negócios digitais, explica, porém, que há vários modos de aproveitar os dois canais.
“Você compra no site e, se o produto não servir, pode trocar numa loja. Isso é prova de uma modalidade híbrida que fortalece as duas formas de venda. A pessoa realiza a compra no online e depois vai até um estabelecimento físico”, explicou.
Nesse sentido a CEO da Vinícola Veroni, Lívia Marques, aponta que mesmo tendo nascida em ambiente digital, a empresa pretende marcar presença no varejo físico em 2022, aumentando de 500 para 1.200 os pontos de venda.
“O online divulga o que vai ser convertido em realidade. Portanto, a venda pode ser online, mas a experiência de compra do consumidor precisa ser real”, disse.
No lado de quem vai usar 2022 para investir na venda física, está a marca de tênis esportivos Yuool. Eduardo Rocha, sócio-diretor da empresa, afirma que mesmo o digital sendo responsável por 90% do faturamento, as vendas físicas acabam prestando um apoio importante na fidelização e na experiência de compra.
“O nosso cliente não é só online ou offline, ele acaba sendo os dois. Ele pode ver um produto na loja e comprar uma semana depois no e-commerce, pode ver primeiro no site e depois querer provar. No momento em que você tem os dois canais atuando como uma coisa só, a experiência do cliente é facilitada”, acredita Rocha.
A marca tem três lojas físicas em São Paulo, Porto Alegre e Gramado e pretende abrir mais três em 2022.
Aposta no digital
Mas ainda há setores que vão apostar tudo no digital em 2022. Um exemplo é a Lubs, empresa que atua no mercado de sexual care e comercializa produtos como velas afrodisíacas, lubrificantes e vibradores.
A CEO e fundadora da empresa, Chiara Luzzatti, explica que o ecommerce é a melhor maneira de estar em contato com o consumidor final, já que existe um tabu em torno dessas compras, sendo que, de acordo com pesquisas feitas pela marca, somente 20% dos brasileiros já compraram algum produto de sexual care, apesar do aumento do interesse na pandemia.
“A empresa já nasceu com essa pegada digital e a tendência é que a gente se mantenha dessa forma, até considerando o tabu envolvido nessas compras. Queremos garantir uma experiência positiva para o nosso consumidor final, desde atendimento até a logística”, conta Luzzatti, que projeta um crescimento mensal de 15% em 2022.
Mudança cultural será necessária
A implementação desse novo modelo híbrido de comércio, porém, não será fácil. De acordo com pesquisa do Google, os comerciantes disseram que quatro dificuldades são os grandes obstáculos da implementação do omnichannel: altos custos para implementação, complexidade na integração com outros canais, baixas margens de lucro a curto prazo além dos empresários considerarem essas estratégias de adaptação e investimento desnecessárias.
Bonfanti acredita que a implementação dessa estratégia vai passar por uma mudança cultural entre os executivos brasileiro.
“Quando as operações de estoque, logística e distribuição se tornam únicas, os clientes não são mais fidelizados em um canal ou outro. Os canais físicos e online não concorrem entre si. Mostrar aos vendedores das lojas físicas que uma venda realizada no e-commerce poderá aumentar o fluxo de pessoas em função da opção de retirada em loja e que isso aumentará ainda mais a possibilidade de vendas no ponto físico, pode ser um dos primeiros passos para quebra de antigos padrões de comércio”, encerrou.