As vendas de eletroeletrônicos registraram crescimento de 15% em 2023, segundo os indicadores compilados pela Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) e obtidos pela ISTOÉ DINHEIRO.

Trata-se do primeiro resultado positivo registrado pelo setor nos últimos 3 anos, o que representou um alívio principalmente para o segmento de eletroportáteis (fritadeiras, panelas elétricas, ventiladores e aspiradores de pó), além de ar-condicionado.

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“O ano de 2023 foi um ano de recomposição para o setor eletroeletrônico, no entanto, ainda estamos longe da retomada tão almejada pelas nossas indústrias“, explica o presidente executivo da Eletros, Jorge Nascimento.

Segundo Nascimento, o setor está longe da retomada, portanto não há nada para comemorar, apenas houve um alívio moderado.

“Viemos de um retrospecto econômico negativo e precisamos que haja uma redução nos juros de forma mais acelerada para que a economia cresça mais rápida em 2024. Ainda não está claro se teremos este cenário.”

Linha Branca e ar-condicionado

Os produtos da chamada Linha Branca, sobretudo os refrigeradores, fogões máquinas de lavar, apresentaram em 2022 o pior ano da década em termos de volume, com uma queda de 16% com relação ao ano anterior. Mesmo com o crescimento de 6% em 2023, o setorial amarga relevante déficit quanto ao volume de unidades vendidas.

“As vendas destes produtos encolheram de forma expressiva nos últimos anos, em especial por conta dos juros elevados e pressão inflacionária. Quem mais é afetado acaba sendo o consumidor de baixa renda.”

Mostra disso é o mercado de refrigeradores. As vendas de produtos destinados às classes C e D respondiam por mais de 30% do volume comercializado e atualmente não passa de 11%. Isso ajuda a explicar a redução superior a 40% no volume de refrigeradores vendidos nos últimos dez anos.

A comercialização de aparelhos de ar-condicionado, por sua vez, saltaram 17% em 2023, com relação ao desempenho apresentado em 2022, que registrou queda de 18%. De acordo com a Eletros, o Brasil é o segundo maior polo produtor do mundo.

“Mesmo com as impressionantes ondas de calor registradas ao longo do ano passado, a indústria de ar-condicionado teve volume de vendas inferior ao ano de 2021.”

Televisores e portáteis

As vendas da Linha Marrom, setorial que inclui televisores, aumentaram 7% no ano passado. O desempenho foi bem acima do registrado no ano anterior, apesar da Copa do Mundo de 2022 – quando as vendas destes produtos tradicionalmente crescem acima da média, em comparação aos anos em que o evento não acontece.

No entanto, com queda nas vendas de 4% e 14% em 2020 e 2021, sucessivamente, o setorial de Linha Marrom amarga uma retração de 11%.

“É muito provável que levemos ainda mais 2 ou 3 anos para uma total recuperação.”

Segundo a Eletros, as TVs Smart e as de tela de até 43 polegadas detém maior participação de mercado, respondendo por 98% e 45%, respectivamente.

Para os eletroportáteis, apesar das sucessivas quedas entre 2020 e 2022, no ano passado o setor cresceu 19%. Esse aumento não foi suficiente para recuperar o saldo negativo.

‘Por representar produtos com ticket médio inferior aos outros setoriais, no geral, os eletroportáteis dependem menos de crédito e, consequentemente, sentem menos os impactos dos juros, o que pode ter motivado uma recomposição dos estoques com relação ao que vinha sendo mantido pelo mercado.”