09/04/2025 - 9:12
As vendas do comércio brasileiro avançaram 0,5% em fevereiro na comparação com o mês anterior e subiram 1,5% sobre um ano antes, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 9.
O varejo voltou a crescer após uma série de quatro meses de variações muito próximas de zero, consideradas como estabilidade pelo IBGE, e o setor atingiu o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2000, superando em 0,3% o nível recorde anterior (outubro de 2024).
O resultado veio em linha com o esperado pelo mercado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,50% na comparação mensal e de avanço de 1,60% sobre um ano antes.
Quatro das oito atividades pesquisadas avançaram em fevereiro deste ano. Dentre elas, os destaques foram os setores de Hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,1%) e de Móveis e eletrodomésticos (0,9%).
“Condições macroeconômicas mais complexas nos últimos meses, como a queda do número de pessoas ocupadas, a estabilidade da massa de rendimento real e a inflação da alimentação em domicílio, não incentivam o consumo de bens que não sejam de primeira necessidade. Com isso, as pessoas tendem a optar por produtos mais básicos, o que explica o crescimento maior do setor [de hiper e supermercados] em relação aos outros”, afirma o gerente da Pesquisa Mensal de Comércio, Cristiano Santos.
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças; material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, houve queda de 0,4% nas vendas em fevereiro ante janeiro. A pressão veio de Veículos e motos, partes e peças, cujas vendas recuaram 2,6% no período.
O que esperar
O cenário à frente, entretanto, é de inflação ainda alta, política monetária contracionista e acomodação no mercado de trabalho, o que pode levar os consumidores a mostrarem gradualmente menos ímpeto este ano.
“Apesar do resultado positivo,… vemos uma moderação no consumo, consistente com a desaceleração da atividade. O desempenho no mês foi quase todo devido à alta nas vendas em supermercados, um consumo essencial. A maior parte do consumo discricionário variou moderadamente ou apresentou recuo”, destacou André Valério, economista sênior do banco Inter, citando que o volume de vendas sensível ao crédito, por exemplo, recuou 1,3% em fevereiro.
Também pairam sobre o cenário os efeitos sobre a economia global das tarifas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vêm abalando os mercados.
Especialistas preveem um crescimento moderado das vendas no varejo, contribuindo para uma desaceleração da atividade econômica, diante de uma taxa de juros em patamar elevado, de 14,25% atualmente.
“Para 2025, mesmo com o índice de atividade tendo atingido novo recorde histórico, o ritmo de expansão deve desacelerar, com segmentos mais sensíveis ao endividamento… enfrentando maior pressão, enquanto hipermercados, supermercados e perfumaria tendem a continuar sustentados pelo consumo das famílias”, avaliou Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay.