17/12/2025 - 14:09
A Venezuela afirmou, nesta quarta-feira (17), que suas exportações de petróleo ocorrem “normalmente” após o anúncio do presidente americano, Donald Trump, sobre o bloqueio a todos os “petroleiros sancionados” que entram ou saem do país.
O governo da Venezuela, país que detém as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, chamou a declaração de “irracional” e de “ameaça grotesca”. As Forças Armadas também condenaram o anúncio.
Os Estados Unidos intensificaram sua campanha contra o presidente Nicolás Maduro, a quem qualificam como líder de um cartel do narcotráfico e cujo mandato não reconhecem. Washington apoia a campanha da Nobel da Paz, María Corina Machado, que denuncia fraude nas eleições de 2024.
Machado chegou a Oslo em 11 de dezembro, um dia depois da cerimônia de entrega do Nobel, recebido por sua filha em seu nome. A líder opositora passou mais de um ano na clandestinidade na Venezuela.
Mas nesta quarta-feira ela deixou Oslo, segundo um colaborador próximo que não informou seu novo destino.
– Sanções –
Trump assegurou que a medida de bloqueio será mantida até que a Venezuela devolva o petróleo que, a seu ver, roubou dos Estados Unidos.
A estatal petrolífera PDVSA informou, por sua vez, que “as operações de exportação de petróleo e derivados estão ocorrendo normalmente”.
“Os petroleiros envolvidos nas operações da PDVSA continuam navegando com pleno seguro, suporte técnico e garantias operacionais”, disse a companhia em nota. “Nenhuma destas agressões conseguiu abalar a capacidade operacional ou a determinação da força de trabalho da PDVSA.”
Trump impôs um embargo ao petróleo da Venezuela em 2019, durante seu primeiro mandato, parte de um conjunto de sanções que buscou, sem sucesso, a queda de Maduro.
O Irã, aliado de Maduro junto com Rússia, China e Cuba, denunciou nesta quarta-feira o “roubo à mão armada no mar” do petroleiro.
“Essas posturas e ações são claras manifestações de uma política baseada no uso da força e no assédio sistemático”, afirmou a chancelaria iraniana em um comunicado.
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, também expressou a rejeição de Pequim “a toda forma de assédio” contra a Venezuela, em uma ligação com seu homólogo venezuelano, Yvan Gil.
O embargo americano obrigou a Venezuela a colocar sua produção no mercado paralelo a preços sensivelmente mais baixos, destinada em particular a países asiáticos, como a China.
O país sul-americano produz 1 milhão de barris diários (bd) e estima alcançar 1,2 milhão até o final do ano.
Os preços do petróleo registraram alta nesta quarta-feira após o anúncio do presidente dos Estados Unidos.
– “Não nos intimidam” –
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, afirmou, por sua vez, que a Venezuela não cairá “em provocações”.
“Dizemos ao governo americano e ao seu presidente que suas ameaças grosseiras e arrogantes não nos intimidam”, disse ele, acompanhado do alto comando militar.
Trump ordenou, em agosto, uma mobilização militar no Caribe e no Pacífico sob o argumento de combater o narcotráfico, embora Maduro insista que o objetivo é derrubá-lo e se apropriar das riquezas venezuelanas.
Nesta quarta-feira, a embaixada dos Estados Unidos no Equador deu as “boas-vindas” a tropas desse país que se deslocam ao porto de Manta para uma “operação temporária” contra o tráfico de drogas.
Militares americanos apreenderam, em 10 de dezembro, um navio-tanque que estava sancionado pelo Departamento do Tesouro americano e que havia zarpado da Venezuela carregado de petróleo.
Os Estados Unidos ficaram com a embarcação e o petróleo. O governo de Maduro chamou a ação de “roubo descarado” e acusou Trinidad e Tobago de ajudar na apreensão.
O navio transportava entre 1 e 2 milhões de barris de petróleo, segundo diferentes estimativas.
– “Tábua de salvação” –
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, pediu mais cedo, nesta quarta-feira, que a ONU assuma seu papel e “evite qualquer derramamento de sangue” na Venezuela.
“Não se tem visto [as Nações Unidas]. Que assuma seu papel para evitar qualquer derramamento de sangue e que se busque sempre a solução pacífica dos conflitos”, declarou a mandatária de esquerda ao comentar, em entrevista coletiva, a nova medida de pressão de Trump sobre a Venezuela.
Quanto às implicações para a economia venezuelana, no curto prazo um menor envio de petróleo “cortaria uma tábua de salvação crucial para a economia”, indicou a consultoria Capital Economics.
“O impacto de médio prazo dependerá em grande medida de como evoluem as tensões com os Estados Unidos e de quais forem os objetivos do governo americano na Venezuela”, advertiu a consultoria em relatório nesta quarta-feira.
