12/12/2019 - 18:21
O vereador Daniel Annenberg (PSDB) decidiu fazer uma representação na Corregedoria Câmara Municipal de São Paulo e deve registrar um boletim de ocorrência contra o colega Adilson Amadeu (DEM), que na sessão da última quarta-feira, 11, no plenário da Câmara, o chamou de “judeuzinho filho da p…” enquanto os parlamentares decidiam se colocavam ou não em votação um projeto de lei de Amadeu.
Annenberg, ex-secretário de Inovação e Tecnologia da gestão Bruno Covas (PSDB) e ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), diz que já havia sido alvo de críticas por parte de Amadeu, que é despachante e tem seu reduto eleitoral entre os taxistas. Amadeu queria colocar em votação projeto que impõe uma série de restrições a motoristas de aplicativos, como Uber e 99.
“Vou representar contra ele tanto dentro da Câmara quanto fora. Estou vendo quais as medidas, se uma (queixa) de injúria, queixa-crime. Inclusive junto com a comunidade (judaica)”, disse Annenberg.
“É um absurdo a gente estar numa casa dessa discutindo projetos, propostas, e ser agredido dessa forma”, afirmou o vereador. “Além de xingar, ele quis partir para cima, bater em mim.”
Já Amadeu se pronunciou por nota, em um pedido de desculpas “à comunidade judaica”, mas não a Annenberg.
“Em uma sessão tensa que já durava quase oito horas, e após costurado um acordo na Casa para que fossem votados projetos de vereadores, eu tive divergências com o colega parlamentar por conta de um projeto de minha autoria, no qual trabalhei muito o ano todo para ser aprovado”, diz o texto.
“No calor da discussão, algo tão comum em votações polêmicas em plenário, eu realmente me excedi e, caso alguém tenha se sentido ofendido e ainda que não tenha sido uma fala generalizada, quero pedir minhas sinceras desculpas à comunidade judaica”, continua.
“Aproveito este esclarecimento para deixar claro que, em nenhum momento, houve um ataque à cultura ou tradição judaicas, a quem sempre fiz questão de respeitar”, argumenta Adilson Amadeu.
Ofensas de teor racial não são novidade nesta legislatura da Câmara Municipal. Em setembro, o vereador Camilo Cristófaro (PSB) chamou o colega Fernando Holiday (DEM), do Movimento Brasil Livre (MBL), de “macaco de auditório”. Holiday, que é negro, disse ter sido alvo de racismo.
Em nenhum caso, porém, a Corregedoria da Câmara decidiu levar a plenário alguma punição. A reportagem tenta contato com o vereador Souza Santos (Republicanos), corregedor da Casa, para comentar o caso.