26/12/2012 - 21:00
A bandeirinha vai continuar a mesma – a cruz branca no fundo vermelho. Mas, em todo o resto, quanta diferença. É o que promete a parceria entre a tradicional fabricante suíça de canivetes Victorinox e as faculdades de design das universidades ESPM-Rio e Federal da Bahia (UFBA). Uma coleção limitada com estampas bem brasileiras, multicoloridas e com paisagens, será lançada em abril de 2013, apenas no País. A aposta é na demanda de turistas que desembarcarão por aqui durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. A decisão da fabricante suíça confirma o interesse da marca no mercado brasileiro, que registrou, no ano passado, um aumento de 10% no consumo de itens como facas, malas, perfumes e relógios.
Destes últimos, aliás, acaba de chegar ao Brasil o exclusivo modelo Legacy, de R$ 55 mil. A peça é única na América do Sul, de uma série de apenas 60 peças produzidas. “Isso mostra o quanto a Victorinox está entusiasmada com o Brasil”, diz Maria Ludmar Valdarrango, diretora de marketing da filial brasileira da empresa. Em tempo: os relógios lideram a renovação da marca. Adicionados ao portfólio em 1989, eles correspondem hoje a 20% do faturamento global da Victorinox. “Todo mundo se equilibra melhor em dois pés do que um só”, diz Alexander Bennouna, CEO global da divisão de relógios da Victorinox. “Nós nos equilibramos em cinco pés: canivetes – e cutelaria –, relógios, malas, roupas e perfumes.”
Pelourinho e Pão de Açúcar: os dois cartões-postais do País estamparão a linha
de canivetes desenvolvida para agradar o turista que virá para a Copa do Mundo
e os Jogos Olímpicos
VIRADA – A reformulação nos produtos de uma empresa com 126 anos de história – ela foi fundada em 1884 por Karl Elsener, no vilarejo de Ibach, no cantão de Schwitz – veio em boa hora. Isso porque liberou a Victorinox de uma dependência de seu carro-chefe (são 12 milhões de canivetes vendidos por ano), que de herói na Segunda Guerra Mundial passou a vilão depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. O canivete ganhou fama internacional graças aos soldados americanos que lutaram no front europeu contra as tropas de Hitler que o compravam no fim do confronto.
Trunfo: diferenciar é a solução para Alexander Bennouna,
CEO global de relógios da marca
No entanto, viu suas vendas despencarem 30% na última década, depois que foi proibido de embarcar nos voos comerciais por ser considerado potencialmente uma arma nas mãos de fundamentalistas com apreço por explodir aviões no quintal do Ocidente. A partir daquela época, Bennouna repensou o produto em si. O canivete perdeu algumas lâminas e ferramentas, como o saca-rolhas, para ficar mais hi-tech. Ganhou pen drives e laser points. Em 2007, ele ajustou também os ponteiros da divisão de relógios, investindo na inovação e não no aumento da linha de produtos. O relógio Night Vision, por exemplo, é uma das estrelas da nova coleção porque tem uma luz LED que pode ser avistada a um quilômetro de distância e conta com um sinal de SOS que pode ser emitido por até sete dias. “No mercado de alto padrão é preciso se diferenciar”, afirma Bennouna.