03/03/2004 - 7:00
1 SALTO TRIPLO
Santorini A partir dos telhados de Thira tem-se uma das mais belas vistas do mundo
Paros Charme de saint Tropez
A Grécia tem 2 mil ilhas. Três delas, na região das Cyclades, banhadas pelo Mar Egeu, são parada obrigatória. Representam os três pontos a bater e ficar na modalidade de salto triplo, a primeira da viagem olímpica em 2004. São elas: Santorini, Mikonos e Paros. Santorini é fruto de uma erupção vulcânica que aconteceu em 1640 antes de Cristo. A mistura de imensas falésias ocres com casinhas brancas a transformam num dos lugares mais fascinantes da Terra. Não perca o pôr-do-sol na capital da ilha, Thira, ou na cidade de Oia. Milhares de turistas costumam subir nos telhados dos casebres, ao redor de 5 horas da tarde, no verão, para aplaudir o poente ? tal como fazem os cariocas em Ipanema.
Mikonos Território livre dos jovens e gays
Na Grécia esse espetáculo vale ouro. Soa brega? Sim, mas é uma experiência rara. Evite freqüentar as casas noturnas de Thira e as lanchonetes caça-níqueis, superlotadas. Uma delas tem um nome que ajuda a entender por que saltá-la: McZorba. Pior impossível. Para badalar, o lugar certo é Mikonos, território da juventude bronzeada, paraíso do topless e de casais gays. Leve roupa branca para se sentir em casa. Paros é uma mistura das duas outras ilhas ? tem a calma e a agitação de ambas, num ambiente que remete ao charme de Saint Tropez e de Búzios. Completada essa primeira prova, é hora de prosseguir a disputa pelas delícias gregas.
2 IATISMO
Queen Mary 2 O transatlântico atraca em Atenas durante todo o mês de agosto
Não é preciso ser nenhum Robert Scheidt, o supercampeão olímpico de vela, para vencer nessa prova. A rigor, nem iatismo é, porque envolve um imenso barco a motor. Barco? O maior transatlântico do mundo, o Queen Mary 2, atracará em mares gregos durante os Jogos de Atenas, de 13 a 29 de agosto. É a união do útil ao agradável. Útil porque a rede hoteleira da capital é escassa, e o supernavio será transformado num hotel sobre as ondas. Agradável porque, para repetir o que se dizia a respeito de Rita Rayworth e sua Gilda, nunca houve uma embarcação como o QM2. O gigante de US$ 800 milhões tem 345 metros de comprimento por 72 de altura ? o equivalente a um edifício de 21 andares. Pode levar 2.620 passageiros em 1.310 cabines. O caminho, no Brasil, para ocupar uma delas durante os Jogos é a agência de viagens Tamoyo (www.tamoyo.com.br). Na categoria B2 Premium, cabine com varanda e 23 metros quadrados, por 18 noites com pensão completa e direito a 10 ingressos para as Olimpíadas, paga-se 25.055 euros.
3 ARREMESSO DE DISCO
É o caso de definir essa modalidade como arremesso de prato, para não perder a piada. Uma das mais antigas tradições da Grécia, com mais de 4 mil anos, é a quebradeira de louça depois das refeições. Pergunte no hotel onde encontrá-la. Evidentemente, em muitos casos a cerimônia é feita para atrair turistas ? um pouco como ocorre com os espetáculos de tango em Buenos Aires. Mas ainda há gente que quebra pratos como antigamente. É uma maneira de mostrar desapego aos bens materiais e prazer pela comida. Numa refeição, os gregos percebem os alimentos por meio da visão, do olfato, do tato e do paladar ? o estrondo divertido, em meio a danças folclóricas e gritos animados, é um jeito de saciar o quinto e derradeiro sentido: o da audição.
4 SALTO EM ALTURA
Não há refeição grega sem boa bebida em doses olímpicas ? daí a insistência em dizer que elas podem, sim, levá-lo às alturas. O Uso, ou Ouzo, é um licor a base de anis, ao qual se acrescenta água, ideal para digestão. É muito parecido com o Pastis francês. Bebida nacional, está para a Grécia como a cachaça para o Brasil ? daí o festival de rótulos, muitos deles brincalhões como este ao lado. Vinho? O Retsina é um vinho aromatizado pela resina do pinho. Fresco e suave, lembra os brancos leves, apesar da gradação alcoólica mais elevada. Deve ser ingerido bem gelado. Os gregos costumam misturá-lo com soda. Cai bem também como aperitivo.
5 LEVANTAMENTO DE PESO
Gastronomia Kebab, salada e azeitonas
Ok, esqueça a história clássica de quebrar os pratos no chão. Trata-se, nessa etapa da competição, de comer, e muito bem. É levantar peso no sentido de aumentá-lo. Um dos grandes espetáculos da Grécia Moderna é sua gastronomia. Direto ao ponto, eis o que não se deve deixar de experimentar à beira-mar: Kebab, a salada grega com queijo feta e as azeitonas, tudo com tempero dos deuses. O Kebab tem origem árabe ? no Brasil é conhecido, claro, como ?churrasquinho grego?. O original vem num espetinho, em pequenos pedaços. Os molhos são à base de iogurte e queijo.
6 MARATONA
Em 490 antes de Cristo, um herói grego, Pheidíppides, correu a distância de 40 quilômetros entre Atenas e a cidade de Marathon para levar a notícia da vitória grega diante dos persas. Em 1896, durante os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, realizou-se a prova em seu percurso original, entre as duas cidades, numa homenagem à conquista guerreira. O vencedor foi Spiridon Louis com o tempo de 2h58min50, fazendo a média de 4min28 por quilômetro. Em 1908, nas Olimpíadas de Londres, o percurso da maratona sofreu uma mudança. Para que a família real britânica pudesse assistir ao início da prova do jardim do Castelo Windsor, o comitê organizador decidiu mudá-la para a distância total de 42.195 metros, utilizada até hoje.
A cidade que deu origem à prova está lá, não tem muita graça
(é ir e voltar no mesmo dia, de carro ou ônibus) mas vale a
pena visitá-la pelo sabor histórico. É a prova final, desfecho
nobre para transformar o turismo na Grécia numa experiência
que une conhecimento e beleza.