Quantas vezes se toca na cabine de um avião? E no aeroporto? Quantas vezes seus pertences são tocados por colaboradores do aeroporto?

A resposta hoje é, por regra, “muitas vezes”. Mas as companhias aéreas, aeroportos e a indústria aeronáutica querem que a resposta, em um futuro próximo, seja “muito menos”. É o que diz uma reportagem da CNN Travel.

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Para que as “viagens sem contato” aconteçam são necessárias que várias alterações sejam realizadas, individualmente e no ambiente ao redor.  Desde a descarga sem a utilização das mãos em banheiros de aeroportos e aviões, a portões automáticos de embarque.

Banheiros sem contato

“Viajar sem toque promete paz de espírito”, explica Daniel Baron, que opera o LIFT Aero Design, um estúdio de design de cabines de aeronaves, com escritórios em Tóquio e Cingapura. 

“Na cabine, a zona mais promissora é o banheiro”, explica o Baron. “É do conhecimento geral na indústria de interiores de cabine que, mesmo antes de covid-19, muitos passageiros hesitavam em utilizar os banheiros por percepção negativa; por outras palavras, ter de tocar em superfícies sujas. Temos visto melhorias ao longo da última década, na sua maioria torneiras e tampas de sanitários sem contato e botões de descarga”.

Em seguida, virão os dispensadores de sabão e os secadores de mãos, além das portas e fechaduras.” Algumas delas já são automatizadas, tais como as torneiras de detecção infravermelho.

Regulamentos de Segurança

É claro que acrescentar novas características à cabine do avião pode ser complicado porque existem muitos regulamentos de segurança.
“Qualquer alteração à arquitetura da aeronave requer uma consulta, testes e validação para obter uma certificação”, explica Matt Round, diretor criativo da Tangerine, consultora de design de aeronaves de Londres.

A Independent Aircraft Modifier Alliance, um grupo de empresas que realizam este tipo de modificações para as companhias aéreas, há vários anos tem pressionado no sentido da harmonização dos vários regulamentos e diz que a evolução trará mais confiança aos passageiros.

“A tecnologia está pronta”, diz a diretora executiva da IAMA, Nicole Noack. “Antes da covid-19, o retorno do investimento era o principal desafio. Mas com o novo normal, estas tecnologias podem tornar-se cruciais para ter novamente a confiança dos passageiros nas viagens aéreas.”

Noack cita os testes de carga elétrica, interferência eletromagnética e testes de segurança geral como os principais elementos de certificação de segurança que precisam ser revisados.

Contato direto com o cliente

A Lufthansa, companhia alemã da aviação mundial, revela que acaba de lançar um autosserviço que, em caso de atraso na entrega da bagagem, envia uma mensagem de texto para os respectivos passageiros informando-os de que a entrega está atrasada.

Afirma ainda que está desenvolvendo opções de autosserviço sem contato para voos atrasados ou cancelados. Isso inclui a emissão automática de vouchers, a utilização do cartão de embarque digital com voucher de refeição no aeroporto e até uma mensagem para o cliente selecionar um hotel próximo, para um alojamento noturno inesperado.

Há também um scanner de imigração sem contato, ao invés da entrega de documentação. Com a digitalização, o portão se abre, com um funcionário ou um sistema automatizado facial ou biométrico que verifica a identidade, caso necessário.