18/04/2022 - 15:31
O governo federal oficializou, nesta segunda-feira (18), Victor Godoy como o novo ministro da Educação. Ele vai ocupar o cargo de Milton Ribeiro, que saiu depois de denúncias de corrupção e divulgação de um áudio em que afirma que o governo federal prioriza a liberação de verbas a prefeituras ligadas a dois pastores.
Formado em engenharia de redes de comunicação de dados pela UnB (Universidade de Brasília) e pós-graduado em Altos Estudos em Defesa Nacional na Escola Superior de Guerra, Godoy é servidor de carreira.
+ Governo oficializa Victor Godoy como ministro da Educação
Ele ocupou o cargo de secretário-executivo do MEC por pouco menos de dois anos, até ser oficializado como titular nesta segunda-feira, 18. Antes, passou 16 anos na Controladoria-Geral da União (CGU), onde começou sua carreira como auditor federal.
Godoy possui uma graduação e duas especializações, nenhuma delas na área da Educação. Segundo informações do ministério, ele é formado em Engenharia de Redes de Comunicação de Dados pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu o curso em 2003, um ano antes de ingressar na CGU.
O ministro tem especialização em Defesa Nacional pela Escola Superior de Guerra. O tema de sua monografia nessa formação é a “competência dos órgãos públicos no combate à corrupção”. Vale destacar que o ex-ministro Milton Ribeiro, seu antecessor, foi afastado após denúncias de corrupção reveladas pelo Estadão, envolvendo o gabinete paralelo de pastores que interferiam no empenho de verbas da pasta.
Ao anunciar Godoy como seu número 2, em 2020, Ribeiro destacou que o novo secretário-executivo trabalhava na área da CGU que auditava o Ministério da Educação. Uma de suas primeiras ações na pasta foi exonerar quatro ex-assessores especiais do ex-ministro Abraham Weintraub.
Em 13 de janeiro de 2021, Godoy participou de reunião do MEC com os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, a dupla que compunha o gabinete paralelo da pasta. A agenda foi um café da manhã com diversos prefeitos. Entre eles, estavam alguns dos que relataram ao Estadão só ter conseguido acesso ao ministério por meio dos pastores, como Nilson Caffer (PTB), Adelícia Moura (PSC), Laerte Dourado (PP) e Fabiano Moreti (MDB). A pauta do encontro foi “alinhamento político”.
Godoy também tem especialização em Globalização, Justiça e Segurança Humana pela Escola Superior do Ministério Público. Segundo seu currículo na plataforma Lattes, o ministro tem somente um artigo publicado em periódico científico. Ele é coautor de um estudo sobre acordos de leniência.
Até 2020, sua experiência profissional também não esteve relacionada ao campo da educação. Na Controladoria, foi chefe de divisão, coordenador-geral de auditoria e chefe da Diretoria de Acordos de Leniência. Fez carreira em funções administrativas, como a que ocupou no Ministério a partir de 2020.
De acordo com a Folha de S.Paulo, ele foi o responsável por ameaçar servidores que tentassem levar para Polícia Federal a investigação da Unifil, de Londrina (PR). Milton Ribeiro atuou nos bastidores a favor do centro universitário presbiteriano, denunciado por fraude no Enade 2019. Investigação do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) concluiu haver fortes indícios de fraude no curso de biomedicina. Provas da graduação teriam sido vazadas com antecedência.