Rio, 17 – As famílias do semiárido nordestino precisariam de uma renda familiar mínima entre R$ 1.986,00 a R$ 4.996,00 mensais para conseguir sustentar uma vida digna. Os cálculos são de um estudo encomendado pela Fundação IDH, realizado pelo Anker Research Institute em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

Os valores se referem a uma renda considerada suficiente para arcar com despesas básicas em 10 macrorregiões rurais de três Estados brasileiros, com montantes diferentes a depender das características específicas dos territórios estudados. O estudo calcula, com base em dados oficiais, os valores necessários para custear alimentação saudável, educação, moradia, saúde e lazer, adicionado ainda 5% de provisões para emergências e imprevistos.

Diante das diferenças territoriais e custos de vida desiguais, foram mapeadas três macrorregiões na Paraíba, quatro no Rio Grande do Norte e três em Pernambuco. O estudo determina uma renda digna para produtores da agricultura familiar e um salário digno mensal para trabalhadores empregados em estabelecimentos de atividades agrícolas.

No Estado da Paraíba, a região da Mata Paraibana registrou os valores mais baixos necessários para uma renda digna familiar a pequenos agricultores familiares, de R$ 2.807, e salário digno a empregados de estabelecimentos a atividades agrícolas, de R$ 1.968. No Agreste Paraibano, Borborema e Sertão Paraibano, esses valores subiam a R$ 3.005 e R$ 2.109, respectivamente, e, na capital João Pessoa e região metropolitana, a R$ 3.947 e R$ 2.624.

No Rio Grande do Norte, os valores se estendiam desde R$ 3.530 de uma renda digna a pequenos agricultores familiares e salário digno de R$ 2.556 a empregados rurais no Agreste e Leste Potiguar até R$ 4.996 e R$ 3.357, respectivamente, na capital Natal.

Em Pernambuco, os cálculos iam desde R$ 3.524 de renda digna a pequenos agricultores familiares e salário digno de R$ 2.503 a empregados rurais no Agreste, Mata e Sertão Pernambucanos até R$ 4.400 e R$ 2.977, respectivamente, na capital Recife e região metropolitana.

Os valores se referem a rendimentos domiciliares mensais necessários a uma família com quatro pessoas, sendo dois adultos e dois dependentes de até 18 anos, considerando as diferenças de custos que recaem para produtores de pequenas propriedades rurais e para empregados em atividades no setor agrícola.

Segundo a Fundação IDH, a renda digna no campo está ameaçada pela degradação do bioma da caatinga, que reduz as oportunidades de sustento das famílias que vivem da agricultura.

“Além disso, a renda de quem trabalha no campo, quando insuficiente para uma vida sem privações, impossibilita a estruturação e manutenção de cadeias produtivas com práticas regenerativas”, declarou Grazielle Cardoso, gerente do Programa Raízes da Caatinga, da Fundação IDH, em nota.