A decisão de criar uma empresa gestora de inteligência de crédito (GIC), anunciada por um condomínio formado pelos cinco maiores bancos em atividade no País (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander Brasil, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), que detêm mais de 80% do total de ativos do sistema financeiro, anunciada nesta quinta feira 21, coloca em polvorosa o mercado brasileiro de avaliação de risco, até aqui dividido entre a Serasa Experian e a Boa Vista Serviços.

Segundo estimativas de um ex-executivo de primeira linha do setor, com sua empresa própria, além de aprimorar a  análise e gestão dos empréstimos concedidos aos clientes, corporativos e pessoas físicas, reduzindo a inadimplência e o endividamento excessivo,  os bancos economizarão ao redor de R$ 1 bilhão desembolsados anualmente com a Serasa e com a Boa Vista.

“Nenhuma empresa no mercado tem a experiência que os bancos têm”, afirmou Murilo Portugal, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ao comunicar  a formação da nova gestora.

Para viabilizar a GIC, os bancos que terão participação acionária de 20% cada em seu capita, contrataram como parceira a americana LexisNexis Risk Solutions, baseada em Dayton, no Estado de Ohio, encarregada de desenvolver e implementar a plataforma tecnológica e analítica da gestora de inteligência de crédito, mas que não será acionista  da companhia. “Acredito que em 18 meses a empresa terá condições operacionais”, afirma a fonte. Para ele, a decisão representa um considerável reforço na implantação do chamado cadastro positivo, pelo qual o sistema financeiro concede taxas de juros menores a clientes com bom histórico de adimplência.

Aprovado pelo Congresso Nacional, em 2012, o sistema, que é operado pela Serasa Experian e pela Boa Vista Serviços, ainda engatinha no Brasil, inclusive pela resistência dos próprios bancos em aderirem a ele. De acordo com a própria Febraban, apenas algo em torno de quatro milhões de pessoas aderiram ao Cadastro Positivo nestes três anos,  um saldo pífio para um mercado com mais de 100 milhões de correntistas.