15/06/2020 - 10:47
Reabertura total dos cafés e restaurantes, retomada de certas viagens internacionais e preparação para o retorno de todas as crianças à escola: a França retomou uma vida quase normal nesta segunda-feira (15), com as autoridades estimando que “o mais duro da epidemia” de coronavírus ficou para trás.
Pela primeira vez desde meados de março, um trem que liga Paris a Dortmund, na Alemanha, deixou a Gare du Nord esta manhã, por volta das 6h GMT (3h no horário de Brasília), consequência da reabertura das fronteiras dentro da União Europeia (UE).
“É simbólico, porque estamos acostumados a não ter fronteiras entre nossos países na Europa. Isso mudou e, portanto, é um símbolo”, comemora Natalia Gumcova, especialista em energia.
Na fronteira franco-alemã, não há mais necessidade de apresentar atestados à polícia alemã na chegada a Kehl, ou justificar sua identidade. O que deixa mais feliz os fumantes franceses que vão comprar seus cigarros na Alemanha.
“As últimas semanas mostraram que não podemos simplesmente estabelecer uma separação artificial entre nossos dois países sem afetar seriamente a convivência e o mercado interno”, estimaram os copresidentes da Assembleia Parlamentar franco-alemã Andreas Jung e Christophe Arend, em uma declaração conjunta.
Nem todas as fronteiras foram reabertas, porém, caso da Espanha, que vai esperar até 21 de junho para restaurar a livre-circulação com os países da UE.
Outro símbolo do retorno à “vida anterior” nas ruas de Paris, esta manhã, vários restaurantes e cafés preparavam seus salões para receber clientes novamente.
Há três semanas, na região de Paris, apenas as áreas externas desses estabelecimentos podiam receber público.
“O problema é saber se os clientes voltarão (…) A maioria das empresas continua a manter seus funcionários em home office”, lamenta Albert Aïdan, gerente do restaurante “L’Ami Georges”, no centro da capital.
“Estamos prontos! Todos querem trabalhar”, afirma Francisco Fernandez, proprietário do restaurante italiano La Bocca, a poucos quarteirões de distância.
– Volta às aulas… e ao trabalho? –
Quanto a creches, escolas e faculdades, levará mais uma semana para uma retomada normal da escolaridade.
Já a partir de terça-feira, contudo, as regras sobre distância física nas escola serão amenizadas, antes do retorno obrigatório em 22 de junho.
O protocolo sanitário nos estabelecimentos ainda é muito rigoroso, em particular com 15 alunos no máximo por turma no ensino fundamental, o que impede o retorno de todas as crianças.
Nos últimos dias, muitos pais de alunos expressaram sua impaciência e exaustão, devido ao acompanhamento acadêmico necessário de seus filhos, enquanto a atividade profissional recomeçava de maneira mais sustentada.
Essa medida deve contribuir indiretamente para a retomada da vida econômica no país, já que muitos pais poderão voltar ao trabalho mais facilmente.
O ministro da Saúde, Olivier Véran, mostrou-se otimista ao dizer que “o mais duro da epidemia ficou para trás”.
“O vírus não parou de circular no território”, disse Véran ao canal LCI. Por este motivo, a França segue aplicando medidas de prevenção e outras restrições, completou.
“Continuamos com os testes e o rastreamento de contatos”, ou seja, a busca de pessoas que estiveram em contato com um paciente de COVID-19. Além disso, os franceses devem evitar as reuniões com muitas pessoas em um local fechado, alertou Véran.
As reuniões com mais de dez pessoas em via pública e com mais de 5.000 para grandes eventos continuam proibidas na França.
No total, 29.407 pessoas morreram vítimas do coronavírus no país. Nas últimas 24 horas, foram registrados nove falecimentos em hospitais, o menor número desde março.
Com o cenário melhor e um mês após o início da flexibilização do confinamento, o presidente Emmanuel Macron anunciou no domingo que todos os restaurantes e escolas reabrirão as portas nesta segunda-feira.
Véran disse que, em caso de retorno da epidemia, o governo “será capaz de retomar as medidas de proteção”.