17/10/2014 - 19:57
A divulgação de um vídeo que mostra policiais espanhóis batendo em um imigrante subsaariano e levando-o de volta – aparentemente inconsciente – para o lado marroquino da fronteira com o território norte-africano de Melilla causou polêmica e indignação na Espanha.
O homem fazia parte de um grupo de cerca de 100 africanos que tentaram, na quarta-feira, ultrapassar o triplo muro de quase sete metros que separa Melilla do Marrocos.
A organização humanitária local Prodein filmou e distribuiu o vídeo. Segundo a ONG, o imigrante é um camaronês de 23 anos chamado Danny.
No vídeo, um agente da Guarda Civil espanhola bate com um cassetete no homem que está pendurado, descalço, do lado espanhol do muro.
Vários dos agentes agarram Danny pelas mãos e pelos pés, jogando-o no chão, e levam-no de volta para o lado marroquino da muralha. O jovem não reage, aparentemente inconsciente.
O líder da Prodein, Jorge Palazón, acusa os policiais de cometerem “um nível de violência muito elevado” e defende que o imigrante “deveria ter tido ajuda médica”.
“Tudo foi absolutamente fora da lei. É um monumento ao desprezo por tudo: pela lei, pela moral, pela ética”, criticou Palazón, em conversa com a AFP nesta sexta-feira.
A porta-voz da delegação do governo espanhol em Melilla, Irene Flores, disse que o imigrante não foi ferido e alega que ele ofereceu “resistência passiva”.
“A Guarda Civil age cumprindo escrupulosamente a lei”, garantiu Flores.
O conservador Partido Popular (da situação) recebeu duras críticas da oposição, após a disseminação do vídeo, que acusou o governo de não ter um protocolo claro sobre a atuação dos agentes fronteiriços.
“Estamos diante de mais uma evidência de um comportamento absolutamente intolerável dos membros das forças de segurança, desumano no trato com as pessoas”, condenou o porta-voz parlamentar do Partido Esquerda Unida, Joan Coscubiela.