26/05/2022 - 20:38
Por Peter Frontini
SÃO PAULO (Reuters) – Vídeos de um homem de 38 anos sendo asfixiado com gás no porta-malas de uma viatura policial em Sergipe depois de ter sido parado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) causaram indignação em todo o país nesta quinta-feira.
As imagens feitas por câmeras de celular mostram policiais colocando o homem algemado no porta-malas da viatura, lançando uma bomba de gás em seu interior e empurrando a porta da mala para fechar enquanto as pernas do homem ainda estavam do lado de fora do veículo.
A Polícia Federal informou em comunicado que abriu um inquérito para investigar as circunstâncias da morte. Já a PRF informou na noite de quinta-feira que instaurou processo disciplinar para elucidar os fatos e que afastou os agentes envolvidos.
A morte brutal de Genivaldo de Jesus Santos, que, segundo sua família, era portador de esquizofrenia, foi compartilhada nas redes sociais por pessoas que estavam no local da abordagem, na cidade de Umbaúba, no Sergipe.
As imagens chocantes provocaram horror nas redes sociais e protestos na pequena cidade, com manifestantes fechando a rodovia BR-101 com pneus em chamas e segurando cartazes pedindo justiça.
Segundo a família da vítima, Santos foi abordado pelos policiais enquanto andava de moto pela região. Ele ficou nervoso quando os policiais encontraram uma cartela de remédios para esquizofrenia em seu bolso, disse Wallyson de Jesus, sobrinho de Santos, ao portal de notícias G1.
“Eles jogaram um tipo de gás dentro da mala, foram para delegacia, mas meu tio estava desacordado. Diante disso, os policiais levaram ele para o hospital, mas já era tarde”, afirmou.
No primeiro comunicado divulgado após ocorrido, a PRF disse que Santos foi preso porque resistiu ativamente a uma abordagem da polícia. Afirmou ainda que devido à sua “agressividade, foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil em Umbaúba”.
Santos passou mal durante o deslocamento e foi levado para um hospital próximo, onde foi declarado morto, segundo a PRF.
O comunicado não menciona os policiais que o prenderam no porta-malas do carro enquanto fumaça saia do veículo.
Uma necrópsia do Instituto Médico Legal de Sergipe, vista pela Reuters, identificou de forma preliminar que a causa da morte foi insuficiência aguda secundária a asfixia.
“A asfixia mecânica é quando ocorre alguma obstrução ao fluxo de ar entre o meio externo e os pulmões. Essa obstrução pode se dar através de diversos fatores e nesse primeiro momento não foi possível estabelecer a causa imediata da asfixia, nem como ela ocorreu”, disse o IML em nota.