16/06/2020 - 7:26
No mundo pós-pandemia, o cuidado com a própria saúde deve ser intensificado e as tecnologias devem ajudar pacientes com doenças crônicas a manter o quadro controlado. Essas são análises de Romeu Domingues, presidente do Conselho de Administração da Dasa – empresa de medicina diagnóstica -, que também é fundador e vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Desde fevereiro, a companhia já realizou mais de 500 mil testes para diagnosticar o coronavírus e está lançando dois novos exames, totalizando seis diferentes testes. Com isso, terá capacidade de processamento de 120 mil exames por dia.
Os laboratórios começaram a trabalhar antes da chegada do coronavírus no Brasil. Como foi esse processo na empresa?
Desde o início, a gente tinha a preocupação de fazer o diagnóstico na fase aguda, tanto que fomos o primeiro laboratório privado a fazer o RT-PCR (teste considerado padrão-ouro). Passamos pelas dificuldades enfrentadas em todo o mundo, como a escassez de aparelhos e de reagentes. É frustrante querer fazer 5 mil exames por dia e fazer 1,5 mil.
O que mudou na companhia com a disseminação de casos?
Fizemos treinamentos e damos prioridade à higienização. Profissionais usam EPIs e, enquanto não tiver vacina, não vai poder ter cem pessoas em um ambiente para exame de sangue. Também estamos fazendo mais exames domiciliares, incluindo os de imagem.
Como vai ficar o mundo pós-pandemia?
Vimos que é preciso dar maior ênfase à saúde. O vírus é mais cruel com pessoas de mais idade e com a saúde mais comprometida. Vivemos uma epidemia de diabete e de outras comorbidades e é preciso ter uma conscientização da população em relação a isso, porque outros vírus vão continuar aparecendo. Por outro lado, a gente vê que a sustentabilidade da saúde, no mundo inteiro, é preocupação. É necessário diminuir o desperdício, evitar exames, consultas e cirurgias desnecessários, e voltar para a atenção primária, para o médico de família.
Quais avanços a situação acabou trazendo?
A telemedicina veio para ficar. O mundo inteiro já usava. Para coisas corriqueiras, como cefaleia, diarreia, por que tem de ir para o pronto-socorro? Não precisa ir para a emergência para essas condições.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.