Originalmente criada para regular a produção do vinho do Porto, em 1756, a Região Demarcada do Douro, em Portugal, definiu mundialmente o primeiro modelo institucional de organização de uma região vinícola. Ocupando uma extensão de cerca de 250 mil hectares, ela delimita a Denominação de Origem Controlada dos vinhos do Porto e Douro e é considerada a mais bela área vitivinícola do planeta, combinando o encanto da paisagem natural e um esforço humano incomparável. Isso porque seus vinhedos foram plantados ao longo de gerações em terraços construídos com pedras sobre os declives acentuados que circundam o rio que passa de azul a dourado conforme a incidência do sol.

Desde 2001, a região é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. De lá saem alguns dos melhores tintos portugueses, caso do lendário Barca Velha, vendido por cerca de R$ 9 mil a garrafa. E foi essa mesma região que o brasileiro Rubens Menin, dono da construtora MRV, do banco Inter e da CNN Brasil escolheu para produzir seus próprios vinhos.

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Apaixonado pela bebida e líder de uma confraria que reúne alguns dos enófilos mais abastados de Belo Horizonte, sua terra natal, o empresário realizou o sonho de se tornar produtor ao criar a Menin Wine Company (MWC), holding que congrega duas vinícolas: HO Wines e Menin Douro Estates.

• A primeira, cuja sigla é a abreviação do nome Horta Osório, foi rebatizada após ser adquirida por Menin. Hoje, as letras representam as palavras Humanidade e Origem. A marca tem como filosofia ser best in class, produzindo rótulos que são vendidos em Portugal a partir de 10 euros e que chegam ao Brasil por cerca de R$ 160 via importação própria.

• Já na Menin, a proposta é fazer vinhos aspiracionais, com a melhor matéria-prima disponível e emprego de tecnologia vinícola de ponta. O rótulo Menin Grande Reserva, derivado de vinhas velhas adquiridas pelo brasileiro, passa por estágio de 20 meses em barricas de carvalho francês e repousa mais um ano e meio na adega antes de chegar ao mercado. Chega por R$ 721, preço bastante acessível para o que oferece.

No total, as duas vinícolas produzem 20 rótulos, entre bancos, tintos e rosados, além de um Porto. A estratégia é concorrer com as grandes marcas europeias em diversos mercados, não apenas em Portugal e no Brasil.

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ENOTURISMO

No comando da MWC está o brasileiro Cristiano Gomes, que já havia trabalhado com Menin no mercado financeiro. “Em 2018, compramos duas propriedades vizinhas à Quinta do Crasto e ali começamos uma epopeia”, afirmou Gomes.

Segundo ele, foi preciso pedir a um professor universitário que fizesse uma análise dos vinhedos existentes para identificar uma parcela que pudesse render tesouros futuramente. “O segredo das vinhas velhas é a diversidade de castas nos mesmos lotes. As plantas competiram entre si por décadas e as sobreviventes dão frutos com excelente aroma e sabor, devido à concentração”, disse.

A enologia foi confiada a Tiago Alves de Sousa, famoso pela Quinta da Gaivosa. Para Menin, a missão do grupo é “atuar como curadores de um legado, das melhores tradições dessa terra, incentivar a experimentação e a criatividade para realçar o que é extraordinário”.

O empresário Rubens Menin (Crédito: Bruno Santos)

“Nossa missão é atuar como curadores de um legado, das melhores tradições dessa terra, e usar a tecnologia para realçar o que é extraordinário.”
Rubens Menin

Apesar dos 140 hectares de vinhedos que a WMC possui no Douro, a produção ainda é pequena e a distribuição se limita a lojas especializadas, hotéis, restaurantes e cafeterias).

Aqueles que quiserem degustar os vinhos apreciando a paisagem do Douro podem agendar pelo site mwc.wine uma experiência na sala de provas da Menin Douro Estates. Custa 90 euros. “É uma degustação para dez pessoas, por isso estamos construindo outra sala em uma estação de trem desativada”, afirmou Gomes.