01/10/2008 - 7:00
ELA PODERIA TER SE conformado com a vida de socialite carioca. Afinal, ela foi casada com José Roberto Marinho, filho mais novo de Roberto Marinho, o dono das Organizações Globo. Mas ela preferiu seguir outro caminho. A argentina Frances Reynolds tornou-se produtora cultural e passou a organizar exposições de arte com quadros de Picasso, Velázquez e Frida Khalo. Teve tanto êxito que foi condecorada pelo Ministério da Cultura com a Ordem do Mérito Cultural. Apesar de a arte continuar presente em sua vida, Frances, que atualmente vive em Madri, desembarcou no País na semana passada decidida a fazer negócios em uma área que passa bem longe do universo cultural. A proprietária da Reynolds Ventures, empresa com sede na Espanha, que investe nos setores imobiliário, de agronegócios e de energias renováveis, pretende vender aos brasileiros pedaços de uma vinícola, na região de Mendoza, e também terras em um condomínio em Buenos Aires. “São projetos de luxo absolutamente maravilhosos. Tenho certeza de que os brasileiros vão adorar”, aposta Frances, em um português carregado pelo sotaque espanhol.
Os dois projetos têm como parceira a empresa argentina Fiducia Capital Group, que investe nos ramos imobiliário e hoteleiro. “Conhecemos a Frances Reynolds em Madri há dois anos. Foi um acordo mútuo. Ela procurava por um projeto de luxo e nós trabalhamos com isso”, conta Federico Blizniuk, diretor da Fiducia Capital Group. O resultado é a construção do Estancia Villa Maria, em Buenos Aires, e do Santa Maria de los Andes, na região de Mendoza. O primeiro, que consumirá investimentos de US$ 65 milhões e será concluído em 2010, já está sendo considerado um dos mais exclusivos da capital portenha. São cerca 800 lotes de até 3,5 mil metros quadrados, que custarão de US$ 100 mil à US$ 625 mil. Não é para menos: ali os compradores encontrarão um clube com campos de pólo e de golfe e quadras de tênis. “Há um grande potencial de venda”, diz Frances.
O segundo condomínio, o Santa Maria de los Andes, na região de Mendoza, é o que promete fazer mais sucesso entre os brasileiros. Isso porque permitirá que cada dono de um pedaço de terra produza o seu próprio vinho. Previsto para ficar pronto em 2012, ele terá 120 lotes de tamanhos que variam entre dois hectares (20 mil metros quadrados) e cinco hectares (50 mil metros quadrados) a um preço médio de US$ 600 mil. O dono do terreno poderá escolher o tipo de uva que pretende plantar e um time de enólogos contratados pelo condomínio cuida do resto. Um dos profissionais destacados para preparar o vinho é o italiano Alberto Antonini, que é um dos sócios da vinícola Altos Las Hormigas. Estima-se que cada hectare produza cerca de 6.500 garrafas por ano. Para a produção, a empresa calcula um custo de US$ 4 mil por ano, que poderá ser pago com a venda das garrafas – se o dono quiser vendê-las, é claro. “A região é ótima para o plantio. Mas que ninguém pense que vai ganhar dinheiro com os vinhos. É mais para diversão”, explica Arthur Azevedo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Sommeliers. “Fazer um vinho é complicado e requer muito investimento”, completa.