09/12/2019 - 9:30
Investir em startups nunca será um esporte sem emoções. Há 15 anos, em 2014, o Google fez sua oferta inicial de ações (IPO). Quem comprou US$ 10 mil e as manteve teria hoje US$ 155 mil. Valorização de 1.457%. O Facebook fez o seu em 2012. Quem comprou US$ 10 mil teria agora US$ 52,4 mil. Valorização de 424%. O Uber fez seu IPO em maio deste ano. Quem comprou US$ 10 mil teria hoje US$ 6,9 mil. Desvalorização acima de 30%. Nem tudo será festa. Mas há boas chances de ter festa. E o que é melhor: com opções que cabem no bolso de todo perfil de investidor.
A plataforma Organismo Brasil, que começou a operar este ano, acaba de anunciar suas três primeiras opções de startups no portfólio: a Antecipa Fácil (fintech), a CUBi (gestão de eficiência de energia) e a Everlog (gestão de frete). É possível fazer investimentos a partir de R$ 100 em cada uma delas. Tiago Tozzi, fundador e sócio majoritário, diz que a Organismo deve fechar o ano com 500 investidores e dobrar este número em 2020, assim como chegar a pelo menos uma dezena de empresas em sua carteira, no ano que vem. Mas sempre de maneira focada. “Olhamos seis segmentos: agro, alimentação, educação, financeiro, industrial e logística”, diz Tozzi. “Acreditamos que esses setores terão crescimento significativo nos próximos anos, sobretudo com as fintechs.”
A modalidade de plataformas orientadas a investimentos em startups e empresas em expansão é conhecida por Equity Crowdfunding e foi regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em julho de 2017.
Desde então, 26 endereços já oferecem produtos equivalentes no Brasil, mas não necessariamente exclusivos ao mundo das startups. A House2Invest – a mais recente delas a obter registro na CVM, na última semana de outubro –, por exemplo, é especializada em investimentos do programa Minha Casa Minha Vida. Entre as pioneiras, de acordo com a CVM, estão Urbe (investimentos imobiliários) e Eqseed (startups e empresas em expansão).
CAPTAÇÃO ÁGIL À época do anúncio da instrução 588, há dois anos, Leonardo Pereira, então presidente da CVM, disse que “o crowdfunding é uma alternativa inovadora para o financiamento de empreendedores e pode alavancar a criação de novos negócios de sucesso com a captação de recursos de modo ágil”. Isso se torna ainda mais atraente num momento em que o juro baixo, com perspectiva de queda, como o da economia brasileira, deve fazer investimentos em renda fixa migrarem para renda variável, o que eleva o potencial dessa alternativa a investidores de todos os portes.
Apesar de não se restringir a startups, muito do foco de quem investe nesse tipo de plataforma estará voltado a elas. O País, de acordo com dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), saiu de 4.151 empresas desse tipo em 2015 para 12.655 em outubro deste ano, variação de 200%. O volume em ascensão tem trazido mais qualidade, igualmente. Nos últimos dois anos, o Brasil assistiu ao surgimento de seus primeiros unicórnios – as startups avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais. Já são dez. O mais recente integrante da lista é a Ebanx, fintech nascida em 2012.
Para Tozzi, o mercado nacional de Equity Crowdfunding será de pelo menos R$ 3 bilhões em cinco anos. Para isso, no entanto, “um trabalho educativo precisa ser realizado”, diz. “Em geral, as empresas só querem prestar um serviço, receber o dinheiro e pronto. Mas sabemos que as startups carecem de muitas coisas, que não podem pagar naquele momento, mas cruciais para seu crescimento.” Um diferencial que Tozzi pretende imprimir à sua plataforma. “Não estamos preocupados somente com a captação de recursos em si, mas também com o desenvolvimento das empresas.”