A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou na terça-feira (14) um surto do vírus de Marburg na Guiné Equatorial, que já provocou a morte de nove pessoas no país africano.

Considerado um dos vírus mais perigosos do mundo, a doença tem taxa de mortalidade em 50% em média, mas pode chegar a 88% dependendo da variante do vírus e do atendimento prestado ao doente.

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Da mesma família do ebola, a doença de Marburg se caracteriza por um quadro abrupto de febre alta, dor de cabeça e mal-estar intensos, com a maioria dos pacientes desenvolvendo sintomas hemorrágicos em até sete dias.

Como se dá o contágio?

Ingrid Cotta, médica infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica como ocorre o contágio da doença.

“O “Marburg vírus” (MARV) pode se espalhar a partir de animais infectados, incluindo morcegos que podem desempenhar um papel como hospedeiro reservatório. Uma vez que um indivíduo é infectado com o MARV, este pode ser transmitido de humano para humano por contato direto da pele lesionada ou mucosas, com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de pessoas infectadas e com superfícies e materiais (por exemplo, roupas de cama, roupas) contaminados com esses fluidos. Nos locais endêmicos, como na África Central, a transmissão dentro do hospital também pode acontecer durante os surtos”, explicou.

Qual o risco de uma epidemia mundial?

A doença historicamente ocorre no continente africano, assim como a grande maioria dos casos de ebola, doença da mesma “família” do vírus de Marburg. “Até o momento, o que conhecemos é que os surtos em humanos acontecem esporadicamente em regiões da África Central. Daí a necessidade de constante investimento em vigilância epidemiológica e quarentena para os casos suspeitos”.

Como tratar a doença de Marbug?

Até o momento, não existe nenhum medicamento aprovado para as pessoas infectadas pelo vírus de Marburg. “Os pacientes infectados recebem tratamento de suporte em unidade de terapia intensiva para manter o volume sanguíneo efetivo e o equilíbrio eletrolítico do sangue. Porém há diversos tratamentos experimentais como inibidores da polimerase RNA e pool de anticorpos monoclonais, que surgiram, em especial, após o período de 2013 a 2016 quando ocorreu a epidemia de Ebola (causada por um vírus que é “primo” do MARV) com mais de 28.000 casos e 11.000 mortes no oeste da África”, esclareceu a especialista.

Assim como o medicamento, ainda não existem vacinas para prevenir a doença. “Infelizmente, ainda não existe vacina para a febre hemorrágica provocada pelo Marburg vírus, mas já existem vacinas candidatas iniciais como parte das estratégias potenciais de prevenção e controle desta doença” concluiu a infectologista.