14/02/2018 - 20:49
O presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, comemorou os resultados da concessão do visto eletrônico para turistas oriundos dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. Segundo o Ministério do Turismo, somente no período do carnaval, 400 mil turistas estrangeiros deverão ter ingressado no Brasil, injetando na economia R$ 11,4 bilhões, além de 10,7 milhões de turistas nacionais. Os números consolidados deverão ser apresentados nos próximos dias, disse Lummertz hoje (14) à Agência Brasil.
Para o presidente da Embratur, o visto eletrônico é uma grande mudança na estratégia de internacionalização do turismo do Brasil. A expectativa da Associação de Agências de Viagens dos Estados Unidos (USTOA, na sigla em inglês) é que dobre o número de turistas americanos que visitam o Brasil por causa dessa facilitação. O mesmo ocorre em relação aos demais países que já têm o visto eletrônico.
Lummertz observou, contudo, que isso requer tempo. “Mas a reação foi imediata”. Os agentes de viagens que trabalham em casa, chamados ‘home brokers’, também estão com a expectativa que a derrubada dessa barreira facilite muito a vinda dos americanos e canadenses para cá.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Manoel Linhares, afirmou à Agência Brasil que o visto eletrônico vai facilitar muito o ingresso de turistas dos EUA e dos demais países para o Brasil. “Sem dúvida, a tendência é melhorar cada vez mais a entrada de americanos, que são o segundo destino que o Brasil recebe, depois da Argentina”.
Durante o desfile das escolas de samba do Grupo Especial, no Rio de Janeiro, o presidente da Embratur recebeu o primeiro grupo de 74 australianos que fizeram o visto eletrônico. Considerou essa uma “bela amostra” da importância dessa ação. A vice-presidente da Associação de Hotelaria da Austrália, Lyn Humphreys, falou que a medida agradou aos australianos, que precisavam fazer longas viagens até os consulados do Brasil naquele país e agora conseguem o visto pela internet em apenas 72 horas, contra os dois meses anteriores.
Esforço de internacionalização
O titular da Embratur deixou claro, por outro lado, que também faz parte desse esforço de internacionalização do turismo brasileiro projetos que estão no Congresso Nacional. Entre eles, o Céus Abertos, que amplia o número de voos dos Estados Unidos por semana para o Brasil; a abertura do capital das companhias aéreas para o capital estrangeiro, para aumentar as condições de competitividade do país; e a transformação da Embratur em uma agência independente, para que ela possa competir com mais agilidade no mercado mundial.
“Nós precisamos investir mais na busca do turista internacional. É o que fazem os países do mundo inteiro”, lembrou Vinicius Lummertz. Ele destacou a importância de mais conectividade aérea e do rebaixamento de tarifas mediante competição. “A maior conectividade aérea trará mais voos e mais frequência e tende a baixar os preços, principalmente num Brasil mais competitivo, que tem um potencial turístico imenso”.
O Fórum Econômico Mundial define o Brasil com o tendo maior potencial natural para o turismo entre todos os países do mundo. Lummertz salientou que o país possui um potencial de parques naturais, litoral e cidades históricas que ainda não foi desenvolvido integralmente.
Essa é uma boa notícia, porque permite ao país imaginar para as próximas décadas a geração de muitos empregos em muitos estados e destinos. Mas é preciso construir a abertura, que vai atrair também investimentos, salientou. De acordo com o líder da Embratur, o Brasil necessita vencer a burocracia, o que o torna um país difícil de investir em função da insegurança jurídica. “Precisamos combater isso. Facilitar o investimento no Brasil é muito importante. O visto eletrônico é importante, mas os outros componentes de competitividade e promoção devem vir juntos. A Embratur está trabalhando nessa direção”.
China
Um próximo passo, segundo Lummertz, será abrir o mercado chinês para o turismo brasileiro. A China é, atualmente, o maior investidor no Brasil e o seu maior parceiro comercial. A meta é buscar parte dos 120 milhões de turistas chineses que viajam para todo o mundo, não só em viagens de lazer, mas também de negócios e de eventos. Deste total de 120 milhões de turistas chineses, o Brasil recebe apenas 55 mil.
“Nós precisamos aumentar a conexão com eles. E a forma de conectar com a China é a aérea”, falou. A China investe hoje cerca de US$ 5 trilhões para modernizar as rotas da seda, aproximando-se de 65 países da Eurásia e da Europa. “Muitos países se beneficiarão desse comércio com o país que mais cresce no mundo, mais acumula capital e mais investe no mundo”, disse Lummertz, que adiantou que já está em discussão no âmbito dos ministérios das Relações Exteriores e do Turismo a possibilidade de concessão do visto eletrônico também para o turista chinês.
Segundo Lummertz, o Brasil tem participação de 1% no comércio internacional e de apenas 0,7% no turismo global. Para aumentar isso, sinalizou que é preciso passar pelo caminho do turismo e das viagens, pela melhoria dos aeroportos e por mais investimentos.
O presidente da Embratur avaliou que somente a partir da redução da burocracia, o Brasil poderá atrair mais investimentos. “Nós precisamos que os investimentos externos venham também para o turismo”, pois a partir disso serão criados mais empregos, melhorando a vida dos cidadãos em termos socioeconômicos, além de ampliar a arrecadação de impostos para os governos. “Não podemos desperdiçar esse potencial que o turismo tem”, acentuou ele.
Temporada
Lummertz disse que essa já é a maior temporada de verão para o Brasil, em termos de atração de turistas estrangeiros. Somente da Argentina, vieram para o país 2,5 milhões de turistas, que representam movimentação na economia de US$ 1,5 bilhão. “Os argentinos lotaram o carnaval brasileiro e o Brasil se consolida como destino internacional. O Brasil tem 24 portas de entrada do turismo internacional. É um caminho consistente, permanente. É uma rota”, comentou.
O Brasil, reforçou, precisa entender, por exemplo, que o turismo é o grande aliado do meio ambiente. Os Estados Unidos têm 330 milhões de visitantes nos parques nacionais, contra 39 milhões nos parques do Brasil, embora o potencial brasileiro seja muito maior. E lembrou a necessidade de serem feitas concessões, como ocorre no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, com o Hotel Cataratas. Isso agrega cuidados com a natureza e maior acesso à riqueza natural do país. “O Brasil precisa evoluir em novas agendas e amparar o desenvolvimento sustentável que está baseado nos três pilares: meio ambiente, social e econômico.”
A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) estima que 2,6 milhões de viajantes passaram pelos principais aeroportos nacionais durante o carnaval deste ano. O número representa crescimento de 4,7% em relação à movimentação registrada na mesma época de 2017, quando o fluxo foi de 2,5 milhões de embarques e desembarques, cerca de 100 mil a mais que em 2016.
As cidades mais procuradas no período foram Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Recife e Olinda. Juntos, os seis destinos responderam por 65% de toda a movimentação financeira no período, que alcança R$ 7,4 bilhões. A Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) estima que as vendas dos pacotes de viagens tiveram aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2017 até o fim do carnaval.