25/10/2018 - 16:30
A valorização do real ante o dólar deve aumentar ainda mais, caso o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) se confirme como o próximo presidente do Brasil, neste domingo (28). Especialistas afirmam que, se nenhum fator externo de grande impacto ocorrer, a moeda norte-americana pode cair para R$ 3,50 até o fim deste ano.
A pesquisa Ibope mais recente apontou o capitão reformado do Exército com 57% dos votos válidos, contra 43% do petista Fernando Haddad. Após bater recorde de R$ 4,20 no dia 13 de setembro, a moeda norte-americana vem em constante declínio, se mantendo na base de R$ 3,70 na última semana. A redução da moeda paralela ao fortalecimento do nome de Bolsonaro confirma a aceitação do candidato pelo mercado financeiro.
O fluxo do capital estrangeiro no País é o maior fator para a flutuação do dólar, explica o diretor de renda variável da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga. Caso o nome do ex-capitão seja confirmado neste domingo, acredita ele, a tendência é a entrada de investidores no mercado nacional. “O dólar deve cair para a casa dos R$ 3,50 no curto prazo. Em um prazo maior vai depender se esse capital estrangeiro que tende a vir para o Brasil se manterá”, afirma.
O coordenador do curso de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Joelson Sampaio, compartilha da mesma análise. Sem especular números, o professor afirma que a tendência de queda só será alterada com a influência de um fator de grande impacto.
“A expectativa é que o dólar continue com aspecto positivo no período de transição, a não ser que aconteça algo que surpreenda o mercado”, diz.
Reformas e autonomia do BC são fundamentais
A permanência do bom humor do mercado estará condicionada às primeiras sinalizações e movimentos do candidato vencedor. Caso seja Bolsonaro, e ele mantenha o discurso prometido até então, o dólar pode ter queda ainda mais acentuada nos primeiros meses de 2019.
Para os analistas, a redução dependerá principalmente de três fatores: reforma da Previdência, autonomia do Banco Central e diminuição do déficit público através da redução ministerial. “Deixar o Banco Central isento traz uma confiança muito forte do investidor estrangeiro para o governo”, afirma Madruga.
Já a reforma da Previdência, ele acredita que deve ser encaminhada ainda em 2018 para garantir que não se estenda para muito além do início do próximo ano. “É preciso organizar as reformas de forma rápida e simples. Isso vai trazer uma austeridade bastante importante para o Brasil”, complementa.
“No começo de governo é mais fácil para emplacar as mudanças. A medida que o tempo passa, fica mais difícil de fazer as reformas”, afirma o coordenador da FGV.
E se o Haddad virar?
Mesmo com a vitória de Bolsonaro no primeiro turno e a sua permanência na ponta das pesquisas, o processo democrático também dá oportunidade para Fernando Haddad ser eleito presidente.
Caso o candidato petista vença, a projeções dos analistas é de uma alta repentina do dólar. Mesmo com essa disparada momentânea, Sampaio ressalta que a baixa esperada com Bolsonaro, caso ele consiga encaminhar a reforma da Previdência, dar autonomia ao BC e reestruturar a máquina pública, também pode ser alcançada com Haddad. “Não é por que é o Bolsonaro. Quem ganhar a eleição e colocar isso em prática terá o mesmo resultado”, ressalta.
No entanto, com a tendência governamental apresentada pelo PT em outras gestões, o quadro de disparada inicial do dólar seria mais difícil de reverter, indica Madruga. “Por ideologia, o PT tem uma tendência de interferir mais diretamente no Banco Central e tem histórico de regulação de preços, como o combustível. Esses são pontos negativos para o mercado”, explica.