01/08/2012 - 21:00
No jargão do mercado, ações de viúva são aqueles papéis que pagam bons dividendos, tradicionalmente de setores como energia elétrica e bancário. No entanto, os resultados dos bancos no primeiro semestre de 2012 decididamente comprometeram a alegria das viúvas. O Bradesco abriu a temporada de divulgação de resultados do setor e informou, na segunda-feira 23, um aumento de apenas 2,5% em seus ganhos em relação ao primeiro semestre de 2011. No dia seguinte, o Itaú Unibanco divulgou uma queda de 5,6% nos resultados semestrais. Na quinta-feira 26, foi a vez do Santander. Terceiro a divulgar resultados na semana, o banco espanhol não conseguiu tourear uma diminuição de 4,3% em seus ganhos. Esse resultado comprometeu o próprio desempenho da matriz, que viu seu lucro global cair pela metade no período.
Luto no mercado: balanços indicam
queda nos dividendos.
Sem exceção, os números vieram abaixo das expectativas do mercado, para desconsolo das viúvas. “Em dez anos, foi a primeira vez que os três grandes bancos de varejo tiveram desempenhos ruins simultaneamente”, afirma Erivelto Rodrigues, presidente da consultoria Austin Rating. Para ele, dois fatores justificam as atribulações dos gigantes do setor financeiro. O primeiro foi a queda dos juros e do spread bancário, que fez com que a rentabilidade dos empréstimos caísse. O segundo, a desaceleração da economia, elevou a inadimplência e travou o crescimento do crédito. “Os bancos não puderam emprestar mais e ganharam menos com o dinheiro que já haviam emprestado”, diz Rodrigues. Diante desses obstáculos, os investidores reagiram com pessimismo. As ações dos bancos amargaram um semestre em queda.
No ano, até a quarta-feira 25, os papéis mais negociados dos três bancões recuavam de 3% a 9%, ante uma baixa de 7,3% do Índice Bovespa. Segundo Mario Pierry, analista-chefe do Deutsche Bank, os resultados vão começar a melhorar, mas de forna gradativa. “A queda dos spreads ainda vai pressionar as margens dos bancos por mais algum tempo”, diz Pierry. Mesmo assim, ele recomenda a compra das ações do Itaú e do Bradesco. A do Itaú por ter caído mais do que a média e a do Bradesco por ser a ação mais defensiva do setor, devido à diversificação de suas atividades. No caso do Santander, Pierry recomenda manter os papéis. “O banco ainda está se esforçando para capturar os ganhos da incorporação do Real”, diz ele. Para Rodrigues, os papéis dos bancos não são ruins, eles estão ruins. E esse cenário deve se manter até o fim de 2013. Portanto, sem consolo para as viúvas por pelo menos um ano.