A pandemia ainda não acabou. Mas sua flexibilização generalizada levou o turismo internacional a voltar com força. O segmento registrou aumento anual de 100% em 2022, segundo o Barômetro de Turismo Mundial da Organização Mundial de Turismo (OMT). Foram 900 milhões de viajantes internacionais. Embora os números ainda estejam em 63% dos índices pré-pandemia, eles superaram positivamente as projeções e todas as regiões tiveram alta. Na liderança ficou o Oriente Médio (+83%), seguido por Europa (+80% e que sozinha concentrou dois de cada três turistas globais), África e Américas (+65%), com a Ásia fechando a fila (+23%), variação explicada pelas políticas mais rígidas de combate à Covid-19, em especial na China.

Esse boom de viagens, sejam a passeio ou a trabalho, estão movimentando muito mais do que apenas os aeroportos. Elas irão ajudar na retomada de diversos setores da economia, de restaurantes a seguradoras, do automotivo ao financeiro. É nessa onda que a Nomad volta a navegar. A fintech brasileira e 100% digital, criada em 2019, oferece aos clientes maior praticidade e menor custo nas transações internacionais em dólar com soluções para câmbio, remessas, pagamentos, compras internacionais e uma conta de investimentos para acessar ações e ETFs negociados nas bolsas de valores dos Estados Unidos. Apenas no mês de janeiro de 2023 atingiu R$ 1 bilhão em remessas, dez vezes mais que no ano anterior. “Os brasileiros voltaram a viajar e a fazer compras no exterior e também estão olhando a possibilidade de diversificar o patrimônio financeiro”, disse à DINHEIRO Lucas Vargas, CEO da Nomad, que fechou 2022 com 1 milhão de usuários.

Muito além da retomada do turismo, a possibilidade de proteção financeira que também é decisiva no crescimento exponencial. A empresa traz soluções de conta global que se baseiam em moedas sólidas, como o dólar. Com as taxas de juros altas no Brasil e nos EUA, inflação ainda varrendo o mundo, em especial a Europa, além de uma possível recessão em países de economia relevante, como a Alemanha e a Inglaterra, a busca por ativos resilientes a tudo, como a moeda americana, protegem o patrimônio. “Ter depósitos em dólar hoje em dia é uma forma de rentabilizar e proteger os investimentos em um momento em que a renda variável continua volátil.”

EXPANSÃO COM M&A Através da compra da Husky, do CEO Tiago Santos (esquerda) e do CTO Maurício Carvalho (direita), o CEO da Nomad, Lucas Vargas (meio), quer expandir os serviços financeiros para a conta global, transferências e investimentos. (Crédito:Divulgação)

A Nomad foi uma das primeiras instituições no Brasil a oferecer conta-corrente em dólar e sediada nos Estados Unidos, assegurada em até US$ 250 mil por instituições financeiras do país. Trabalhando com a cotação do dólar comercial, possibilita a oferta de produtos financeiros com taxas menores, como câmbio com apenas 1,1% de IOF, taxa alcançada no Brasil apenas para quem compra em espécie. Além disso, o spread, dependendo do nível alcançado pelo cliente, está entre 1% e 2%, taxa que normalmente pode chegar até 2,5% do valor da transação.

Para os investidores, Vargas diz que a forte cultura no Brasil de manter o patrimônio em moeda local não é mais a melhor forma de rentabilizar. Na conta da Nomad, o valor mínimo para investimento tanto em ações quanto ETFs (fundos de índices) internacionais inicia em US$ 1. São 61 fundos de gestoras que fazem parte das dez maiores instituições do mundo, como BlackRock, Vanguard, State Street e Invesco. Mesmo não sendo um profissional, o usuário consegue negociar ações de grandes corporações listadas nas principais bolsas de Nova York com suporte oferecido pela fintech.

1 bilhão de reais atingido pela nomad em remessas no mês de janeiro, valor 10 vezes maior que no mesmo mês do ano anterior

INVESTIMENTOS Em julho do ano passado, a empresa realizou uma rodada de captação Série A, na qual acumulou US$ 32 milhões, investimento que teve a participação de fundos como Monashees, Spark Capital, Globo Ventures, Propel, GFC, Abstract, Vast e ONEVC. “Com essa última rodada, não há pretensão, por ora, de captar mais”, afirmou Vargas. Com o dinheiro, a Nomad realizou, em novembro de 2022, a aquisição da Husky, plataforma que facilita o recebimento de pagamentos em dólar de empresas de fora ou de brasileiros que estão morando fora, expandindo os serviços financeiros oferecidos. Segundo Vargas, 2023 será um ano de crescimento nos indicadores de performance financeira e também com ações para o mundo físico, como Lounge Nomad CDO, inaugurado em janeiro em Orlando, na Flórida, e o Nomad Lounge no Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, com inauguração prevista para março. Um pouco de relacionamento off-line para quem navega tranquilo no on-line.